Nessa quinta-feira (06), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou sua defesa no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de envolvimento em um suposto plano de golpe de Estado em 2022. Os advogados de Bolsonaro solicitaram a anulação da delação do tenente-coronel Mauro Cid , ex-ajudante de ordens do ex-presidente, e pediram o afastamento do ministro Alexandre de Moraes da relatoria do caso, além de requererem que o julgamento seja feito pelo plenário da Corte.

Mais cedo, a defesa de Cid reforçou que o acordo de colaboração não foi firmado sob coação e criticou outros denunciados que contestam a validade do acordo. “Não é novidade que as defesas dos codenunciados têm afirmado publicamente que Mauro Cid mentiu, que a colaboração não tem valor, e que, por isso, as provas dela derivadas não têm validade”, disse Cezar Bitencourt, advogado do militar, ao refutar a acusação da PGR.

Foto: Facebook/Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro

Porém, os advogados de Bolsonaro alegam que se trata de uma "colaboração premiada viciada", argumentando que a colaboração foi realizada sem voluntariedade e marcada por mentiras, omissões e contradições. Eles mencionam dois momentos em que Cid foi convocado ao STF para se explicar sobre suas declarações. O primeiro ocorreu após a divulgação de áudios pela revista Veja, nos quais Cid afirmava ter sido coagido pela Polícia Federal e criticava a condução do caso por Moraes. O segundo foi após o indiciamento de Bolsonaro pela PF, em 21 de novembro de 2024. Sobre os áudios, Cid alegou que eram apenas desabafos, mas, após o indiciamento, mudou sua versão, justificando "omissões" apontadas pela PF.

"Em qual versão devemos acreditar? Na ausência de voluntariedade ou no suposto desabafo? Como confiar em um delator que desacredita sua própria delação?", questionaram os advogados de Bolsonaro. “O caso é de rescisão. Nada mais. E, mesmo que não ocorra a rescisão, não é possível acreditar em nenhuma palavra do Colaborador [Mauro Cid]”, acrescentaram.

A defesa de Bolsonaro também criticou o fato de Moraes ter conduzido pessoalmente dois depoimentos de Cid, afirmando que "não há precedente na história deste país de um depoimento de colaboração tomado por um Magistrado, o que só ocorre em caso de interrogatório judicial".