O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está considerando a possibilidade de nomear Gleisi Hoffmann , presidente do PT, para o cargo de ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), pasta responsável pela articulação política entre o governo e o Congresso. A ideia foi discutida com aliados do presidente, mas a recepção foi majoritariamente negativa, o que indicou a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre a indicação.
Antes de ser mencionada para a SRI, Gleisi foi convidada a assumir a Secretaria-Geral da Presidência, ocupada atualmente por Márcio Macêdo, mas recentemente se movimentou para tentar o posto de articuladora política do governo. O cargo ficou vago após a transferência de Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde. Lula, no entanto, ainda não tomou uma decisão final sobre a indicação e a sondagem a aliados foi encarada como um "balão de ensaio".
A opção por uma ministra do PT, como Gleisi, é vista como uma maneira de fortalecer a base do partido, mas também gera contestações. Alguns membros do Centrão, principal bloco de apoio do governo, defendem que a articulação política deveria ser feita por um nome fora do PT, preferencialmente de outra legenda do Centrão, como o MDB ou o Republicanos. Nomes como o de Isnaldo Bulhões, do MDB, e Sílvio Costa Filho, do Republicanos, têm ganhado força nesse contexto.
Em conversas reservadas, ministros do PT afirmam que o nome mais cotado dentro da legenda para substituir Padilha é o do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). O governo precisa considerar a delicadeza da situação, pois a articulação política será crucial para as eleições de 2026, quando Lula tentará a reeleição ou apoiará seu sucessor.
Gleisi, por sua vez, tem se mostrado combativa dentro do PT, o que poderia ser um obstáculo à sua eficácia como articuladora política. Ela tem um histórico de atritos com setores mais moderados do governo, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sempre procurou puxar o governo para a esquerda. Caso aceitando a SRI, sua postura poderá ser mais moderada, dada a natureza institucional do cargo.