Quatro pessoas de identidades não reveladas foram presas pela Delegacia de Prevenção e Repressão à Entorpecentes (Depre), da Polícia Civil do Piauí, nesta quarta-feira (7), no Piauí, no âmbito da Operação Efialtes, que teve objetivo de combater uma organização criminosa que atuava em pelo menos 6 estados. No Piauí, além dos mandados de prisões, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e dois veículos foram apreendidos.
A Operação Efialtes foi deflagrada com base em investigações que apuraram a violação de lacres e troca de material entorpecente apreendido, constatada durante uma incineração de drogas realizada em abril deste ano, na cidade de Cáceres, no Mato Grosso.
A atuação da Polícia Civil do Piauí foi através da Gerência de Polícia Especializada, Gerência de Inteligência da Polícia Civil, Delegacia de Combate à Corrupção, Grupo de Repressão ao Crime Organizado.
Operação Efialtes
A operação da Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Mato Grosso cumpriu hoje 102 ordens judiciais, nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Piauí, Maranhão, Tocantins e Goiás. Ao todo, a operação contou com a participação de mais de 300 policiais civis, sendo 270 da Polícia Civil do Mato Grosso e 30 dos outros estados, no cumprimento dos mandados.
Foram cumpridos 39 mandados de prisão preventiva, 59 buscas e apreensões, 4 ordens de suspensão de atividades econômicas de empresas utilizadas para realizar a lavagem de dinheiro, além do bloqueio de valores no montante de R$ 25 milhões, sequestro de 14 veículos e quatro imóveis e o bloqueio de contas bancárias dos investigados.
Investigações
As investigações realizadas em inquérito instaurado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil iniciaram há, aproximadamente, oito meses, após o órgão corregedor receber a notificação de que durante a incineração de drogas realizada pela Delegacia Especializada da Fronteira (Defron), no dia 19 de abril deste ano, em Cáceres, foi constatada a violação de lacres das embalagens de perícia dos entorpecentes apreendidos. Em alguns envelopes houve a substituição de parte do material apreendido por outro diferente como, por exemplo, areia e gesso.
Na ocasião, foi determinada pela Corregedoria a correição extraordinária na sala da Defron e da Delegacia Municipal de Cáceres, onde eram armazenadas as drogas apreendidas. Foi identificado um invólucro plástico violado com diversos tabletes que, ao serem manuseados e devido ao peso muito leve, constatou-se ser semelhante a isopor.
A equipe da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) foi acionada e fez a análise de todos os lacres e embalagens armazenadas no local, assim como as embalagens violadas que foram constatadas durante a incineração. Com os laudos periciais concluídos, foi confirmada que a droga apreendida, lacrada e armazenada na Defron havia sido substituída pelos tabletes de isopor, gesso e areia.
A investigação apontou que o material usado para substituir as drogas foi feito com o claro objetivo de confundir, produzido com formato semelhante e com a mesma cor de embalagem. Por exemplo, se a droga acondicionada tinha sido embalada com material de cor amarela, o tablete usado para substituí-la também era feito da mesma forma.
Entenda o esquema da organização criminosa
Foi constatado a participação de policiais civis na empreitada criminosa. Nas investigações foram identificados três grupos envolvidos no esquema: o primeiro dos policiais e de seus auxiliares que ficaram encarregados da substituição e subtração das drogas apreendidas. O segundo grupo foi dos traficantes compradores e responsáveis pelos transportes. Já o terceiro foi dos responsáveis pela lavagem de dinheiro, seja por meio de empresas ou por laranjas.
As investigações apontaram que foram 5 policiais civis lotados na 1º Delegacia de Polícia de Cáceres e na Defron, envolvidos no esquema criminoso. Desta forma, foi representado pelos mandados de prisão preventiva dos investigados. Um dos envolvidos foi preso no mês de agosto, em outra operação realizada pela Corregedoria.
Após a identificação dos envolvidos, foi apurado o caminho da droga e do dinheiro. Os entorpecentes foram enviados para Uberlândia em Minas Gerais, na rota conhecida como "rota caipira", como também para o Nordeste, especificamente no Maranhão e Piauí, sendo utilizadas empresas para lavar o dinheiro nos estados de Tocantins, nas cidades de Palmas e Nova Rosalândia, além do estado do Mato Grosso, nas cidades de Mirassol d’Oeste e Cáceres.
Significado do nome da operação
Efialtes é uma referência ao personagem que se tornou célebre por trair a confiança do rei espartano Leônidas, em 480 a.C., ajudando o rei persa Xerxes, inimigo de Esparta, a encontrar um caminho alternativo no desfiladeiro das Termópilas, assim agindo, visando obter vantagem indevida (recompensa). Neste caso, uma analogia aos policiais civis que traíram a confiança que lhes foi depositada pelo Estado, pela sociedade e pela instituição Polícia Civil, para, da mesma forma, obter indevida vantagem econômica.
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