O GP1 obteve, com exclusividade, a identificação do preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (26) no âmbito da Operação Grima II, acusado de integrar um esquema criminoso que causou rombo de, ao menos, R$ 50 milhões aos cofres públicos. Trata-se de Cícero Alves Cavalcante Júnior , homem de confiança do advogado Renzo Bahury de Souza Ramos , já denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Cícero Alves residia na zona leste de Teresina e, recentemente, se mudou para a cidade de Goiânia-GO, onde acabou sendo preso na manhã de hoje. Somente no Piauí, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão. O GP1 apurou que a PF requereu a prisão do advogado Renzo Bahury, contudo, o pedido foi negado pelo Poder Judiciário.
A PF apreendeu, em endereços ligados a Cícero Cavalcante, cinco carros de alto valor aquisitivo. Chamou atenção dos investigadores o crescimento patrimonial do suspeito em relação ao ano passado, quando foi deflagrada a primeira fase da operação. “Automóveis caríssimos, o mesmo proprietário de seis veículos em dezembro é proprietário agora de mais cinco veículos. Então é uma pessoa cujo patrimônio estava bem além daquilo que ele demonstrava ter. Foi esse caso que mais chamou atenção, esse crescimento patrimonial em um curto prazo, sendo que a pessoa responde criminalmente, já foi denunciada e continua com a atividade criminosa”, disse o delegado.
Como funcionava o esquema
Em entrevista à imprensa, o delegado Marco Antônio, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, explicou que o grupo criminoso era constituído por agentes públicos ligados às prefeituras, advogados e outras pessoas, que fraudavam guias de recolhimentos da Previdência no Piauí, Maranhão, Ceará e no Goiás.
“Esses municípios criavam crédito indevidamente através de documentos falsos, para que eles pudessem fazer o gasto daquele valor de outros modos. Muitas vezes com o famoso cashback, para os políticos e advogados envolvidos. Esse advogado fazia um contrato com o município normalmente e colocava como cláusula um percentual sobre aquele valor que ele conseguia restituir ao município. Só que posteriormente a Receita Federal constatava que eram documentos falsificados e mandava o município pagar. Só que aí o advogado já tinha recebido lá atrás”, detalhou o delegado.
Ainda conforme a autoridade policial, a dívida cobrada pela Receita Federal após a constatação das fraudes geralmente ficava para outros prefeitos que assumiam o cargo posteriormente. Sem mencionar o nome de Renzo Bahury, o delegado informou que o advogado chegava a cobrar até 30% sobre cada contrato. “O advogado pegava vinte ou trinta por cento e posteriormente, quando a Receita Federal constatasse que não se tratavam de documentos verdadeiros, ia cobrar do município. Muitas vezes sobrava para o próximo prefeito”, disse.
O delegado Marco Antônio confirmou que o alvo preso hoje era braço direito do “cabeça” do esquema, no caso, Renzo Bahury. “Ele é muito relacionado ao cabeça, está intrinsecamente abraçado com o cabeça”, concluiu a autoridade policial, que revelou a participação de mais de trinta prefeituras somente no Piauí.
Denunciados pelo MPF
Cícero Alves Cavalcante foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), junto com Renzo Bahury, a ex-prefeita de Colônia do Piauí, Lúcia de Fátima Barroso Moura de Abreu Sá, e o ex-prefeito de Gilbués, Leonardo de Morais Matos. Todos eles são acusados de participação no esquema criminoso, sendo que, somente em Colônia do Piauí, a Receita Federal constatou rombo de mais de R$ 9 milhões.