Começou nesta sexta-feira (24), o Júri Popular do ex-capitão da Polícia Militar do Piauí, Allisson Wattson, acusado do feminicídio contra a estudante de direito, Camilla Abreu, em 2017. O julgamento acontece na 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri e é presidido pela juíza Maria Zilnar Coutinho Leal.
Jean Abreu, pai de Camilla, foi até o Fórum Criminal com a intenção de acompanhar o julgamento, contudo foi impedido por conta dos protocolos de segurança contra a covid-19.
Na porta, ele conversou com o GP1 e lembrou de quando foi chamado para reconhecer o corpo de Camilla. “Quando me ligaram para ir até o local onde o corpo foi encontrado, para que fizesse o reconhecimento, eu não tive a coragem porque eu era acostumado a vê-la com aquele sorriso lindo, maravilhoso no rosto e eu não tive coragem de vê-la daquele jeito”, contou Jean Abreu.
“Há 4 anos que estamos sofrendo e eu espero que ele seja condenado e pague pelo crime que ele cometeu. Se ele pegasse a pena máxima talvez amenizasse mais o sofrimento da família”, pontou o pai de Camilla.
Jean imaginou ainda como Camilla, que tinha 22 anos quando foi assassinada, estaria hoje, se estivesse viva e fez um pedido para os parentes de vítimas de feminicídio. “Ela era uma pessoa jovem, hoje ela estaria formada, talvez com filho. Quero dizer para os pais e mães de vítimas de feminicidio que lutem por justiça, não fiquem calados”, declarou.
O ex-policial será julgado pelos crimes de feminicídio qualificado por motivo fútil (intenso ciúme da vítima) e recurso que impossibilitou a defesa da ofendida, ocultação de cadáver e fraude processual.
Relembre o caso
A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu no dia 26 de outubro de 2017. Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e então capitão da PM, Allisson Wattson. O capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas no sábado (28) e afirmou não saber do paradeiro do jovem. No dia 31 de outubro, a Polícia Civil confirmou a morte da jovem. Já na parte da tarde, Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.
Na manhã de 1º de novembro, o corpo da estudante foi enterrado sob forte comoção no cemitério São Judas Tadeu. No laudo cadavérico, foi concluído que a jovem foi arrastada antes de morrer. O capitão virou réu na Justiça depois que a juíza Maria Zilmar Coutinho Leal, da 2º Vara do Tribunal do Júri, recebeu denúncia do Ministério Público. Em abril, a juíza pronunciou o capitão para ir a julgamento pelo Júri Popular.
Expulsão
No dia 4 de fevereiro de 2019, o Pleno do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI) decidiu, por unanimidade, pela expulsão do capitão Allisson Wattson da Silva Nascimento, dos quadros da Polícia Militar.
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