O juiz Leonardo Tavares Saraiva, da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí, concedeu liberdade provisória ao jornalista Tony Trindade, preso na última terça-feira (18), durante a Operação Acesso Negado, deflagrada pela Polícia Federal. A decisão foi dada às 15h57 desta sexta-feira (21).
Para o juiz, “não estão presentes os pressupostos legais para a manutenção da prisão preventiva (art. 312, do CPP), inexistindo elementos que indiquem risco à ordem pública, à instrução processual ou à persecução penal, de forma que a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão constitui alternativa suficiente para preservar o fundamento da prisão preventiva e garantir o prosseguimento do processo criminal”, diz trecho da decisão.
- Foto: Reprodução/FacebookTony Trindade
A prisão preventiva foi revogada mediante o cumprimento de condições, no caso, o pagamento de fiança no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) e a proibição de manter qualquer tipo de contato com os demais investigados.
O jornalista também está proibido de se ausentar de Teresina, comarca onde reside, até o final das investigações.
Pedido
A defesa sustentou que não perduram mais os requisitos autorizadores exigidos pelo art. 312 do Código de Processo Penal, que Tony possui ocupação lícita, residência fixa, não oferece risco à ordem pública, à instrução/investigação ou à aplicação da lei penal, bem como que possui enfermidades que justificariam sua soltura considerando o atual quadro de pandemia mundial.
Argumentou ainda que o jornalista não buscou impedir ou embaraçar a investigação, que não possuía informações sobre investigações sigilosas e nem vínculo ilegal com agente da Polícia Civil ou da Polícia Federal e que estaria atuando na área de marketing político e de consultoria de imagem do Prefeito Municipal de União, tendo sido mal interpretado em suas condutas.
Entenda o caso
A Polícia Federal prendeu o jornalista Tony Trindade na manhã da última terça-feira (18), em sua residência localizada no bairro Lourival Parente, zona sul de Teresina. Ele é o principal alvo da "Operação Acesso Negado”, deflagrada pela PF. Um mandado de busca e apreensão também foi cumprido no sítio do jornalista, na cidade de Monsenhor Gil.
- Foto: Lucas Dias/GP1Residência do jornalista Tony Trindade
Tony Trindade é acusado de atrapalhar investigações da Operação Delivery, ação da PF que apura desvio de recursos públicos do Fundeb destinados à Prefeitura de União, que tem como gestor o prefeito Paulo Henrique, do qual Tony Trindade presta serviço de assessoria de comunicação.
A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Leonardo Tavares Saraiva, da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí, com base na Lei 12.850, de 2 de agosto de 2013, que define as organizações criminosas e dispõe sobre a investigação criminal. O jornalista é acusado de embaraçar as investigações. A pena para o crime é a de reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.
- Foto: Reprodução/PF-PIBuscas no sítio localizado em Monsenhor Gil
O delegado Alan Reis, responsável por conduzir a Operação Acesso Negado, afirmou que foi realizado por parte de Tony Trindade “monitoramento indevido, ilegal, encontros obscuros e acessos indevidos a processos sigilosos” e que ele ainda tentou “manipular” testemunhas com intuito de minimizar as investigações da Operação Delivery. Outros dois advogados, cujos nomes não foram revelados, são acusados de ajudar o jornalista na obtenção de informações sigilosas da PF.
“Jornalista [Tony Trindade] e advogados realizaram monitoramento indevido, ilegal, encontros obscuros, acessos indevidos a processos sigilosos, apresentaram e tentaram manipular versões de testemunhas e atos intimidatória a fim de minimizar as investigações. A operação visa reprimir qualquer tentativa de embaraçamento em qualquer investigação, de qualquer que seja da Polícia Federal ou Polícia Civil”, afirmou o delegado.
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