Mesmo após o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, garantir que a situação nas prisões do país está sob controle, ainda há a possibilidade de conflitos violentos envolvendo facções do crime em outros estados, como as ocorridas no Amazonas e em Roraima esta semana.
Setores de inteligência do Governo Federal classificaram como tensa nesta sexta-feira (06), a rotina de cinco estados brasileiros das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. São eles: Mato Grosso, Sergipe, Rondônia Piauí e Ceará. De acordo com informações do Estadão, a classificação de segurança dos presídios segue quatro gradações: normal (OK), alerta, tenso e conflito degradado.
- Foto: Lucas Dias/GP1Casa de Custódia de Teresina
Além dos estados com presídios identificados pelos setores de inteligência com a situação tensa, há pelo menos outras cinco unidades da federação, sendo elas o Acre, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. As regiões registraram disputas pelo controle de cadeias e do tráfico de drogas entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e grupos criminosos locais aliados ao Comando Vermelho (CV).
O Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que monitora a situação dos presídios, reconhece a existência de 26 facções criminosas no país, que ocupam celas nos quatros presídios federais administrados pela União. Segundo um relatório entregue ao Ministério da Justiça, o número pode ser ainda maior: as cadeias abrigariam cerca de 80 grupos criminosos, quase todos dividindo sociedade com o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, únicas facções brasileiras com atuação nacional.
Outro lado
Para o secretário de Justiça do Piauí, Daniel Oliveira, a situação de alerta se abrange a todos os Estados. “Eu acredito que diante do que vem acontecendo no sistema penitenciário do Brasil, todos os Estados estão em alerta, estão adotando protocolos de segurança, e nós aqui do Piauí estamos fazendo isso também, intensificando as vistorias, inclusive acabei de sair de uma na [Penitenciária] Irmão Guido e já estou acompanhando aqui as ações na Casa de Custódia. Estamos intensificando isso e agindo para evitar que eventos que aconteceram em outros estados ocorram aqui no Piauí”, afirmou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Daniel Oliveira
Sobre os riscos que o Piauí tem de sofrer uma rebelião ou motim, o secretário ressalta essa preocupação. “Quem trabalha no sistema penitenciário sabe que a possibilidade de ter rebelião ou motim, faz parte, digamos assim, do trabalho. Mas nós estamos trabalhando para evitar diminuir esse risco e manter a ordem e a disciplina. Felizmente no Piauí, nós não tivemos nenhum incidente, o Serviço de Inteligência também tem monitorado isso 24 horas por dia, então eu acredito que nós vamos superar esse momento mais delicado que todo o sistema penitenciário do Brasil está passando, da melhor forma possível”, pontuou.
De acordo com um levantamento feito pelo G1, foram registradas em todo o país, um total de 392 mortes dentro de penitenciárias no ano passado, sendo a maioria em Estados nordestinos. Destas, 16 aconteceram no Piauí, dando ao Estado o nono lugar no ranking nacional. O primeiro foi o Ceará, com 50 mortes e o segundo Pernambuco com 43.
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