A pesquisa “Vivendo em territórios contaminados: um dossiê sobre agrotóxicos nas águas do Cerrado” apontou que as águas do Cerrado no Piauí estão sofrendo contaminação por agrotóxicos, principalmente no Rio Parnaíba . Em Santa Filomena (PI), os pesquisadores encontraram indícios de contaminação na comunidade Barra da Lagoa, na zona rural do município. Na cidade, foram produzidas 224.394 toneladas de soja, o que gerou um lucro de R$ 593.275.000,00 para o agronegócio, conforme o IBGE .
O levantamento realizado pela Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz ), revelou que a maioria das amostras de água analisadas, coletadas de nascentes, córregos e rios que abastecem as comunidades, estão contaminadas.
Na comunidade Barra da Lagoa vivem 12 famílias que dependem dos rios e da agricultura de base familiar para a produção e a reprodução da vida. No entanto, os territórios dessas comunidades passam por devastação, dando lugar aos monocultivos, sobretudo, de soja. Os diversos produtos agrotóxicos utilizados nessas plantações têm provocado a contaminação das águas, fundamentais para a reprodução social e ecológica da comunidade.
A pesquisa foi implementada em sete territórios do Cerrado, incluindo comunidades nos estados do Tocantins, Goiás, Maranhão, Piauí, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bahia. As águas dessas regiões são utilizadas para a irrigação de plantações, consumo animal e, em algumas situações, também para o consumo humano.
Para determinar a contaminação ambiental por agrotóxicos, foram realizadas análises toxicológicas em dois ciclos, entre 2022 e 2023. O terceiro agrotóxico mais detectado nas análises foi a atrazina, banida da União Europeia e presente em todos os estados em ao menos um ciclo, à exceção do Mato Grosso. No Maranhão, os níveis de atrazina detectados na água foram mais de duas vezes superiores ao Valor Máximo Permitido (VMP), segundo a normativa brasileira.