O GP1 teve acesso a íntegra do interrogatório onde a esposa de Wandson da Silveira Fontenele, que foi morto com uma facada no peito no último domingo (13) em Piracuruca, confessou ter praticado o crime. No depoimento prestado à Polícia Civil do Piauí logo após sua prisão, Maria Edna Lima da Silva, 27 anos, pediu perdão e afirmou que a morte do marido foi em legítima defesa.
Na oitiva conduzida pelo delegado Abimael Silva, a suspeita conta detalhes do dia em que tudo aconteceu, desde o momento em que ela estava com o marido em um local público até a hora do crime, na residência do casal. A acusada tem um filho pequeno, de apenas 2 meses, com o marido morto.
Veja os principais trechos do depoimento:
Desentendimento
Maria Edna afirma que estava na barragem de Piracuruca na companhia do marido e ambos estavam ingerindo bebidas alcoólicas, foi quando os dois começaram a se desentender.
“A gente estava na barragem, a gente estava bebendo. Caiu um rapaz de moto próximo a nós e os meninos ficaram rindo, e o Wandson disse ‘deixa, que esse cara já me ameaçou outro dia’. Demorou pouco teve uma briga entre o Tiago e esse rapaz e o Wandson tirou [separou], quando acalmou [a briga] eu perguntei porque esse cara tinha ameaçado ele. Ele falou uma coisa e no final disse ‘vai tomar onde as pata toma [sic]’. Eu perguntei ‘como é Wanderson?’ e aí ele disse de novo ‘vai tomar onde as pata toma [sic]’. Eu fiquei com vergonha, tinha um monte de gente. Eu amamentei o neném e saí caminhando, fui para casa. No meio do caminho a Juliana me deu carona”, relatou.
Chegando em casa
Segundo Maria Edna, ela estava entrando em casa, já tinha aberto o portão, quando o marido chegou e tomou suas chaves, o que impediu que ela de fato entrasse na residência, ficando apenas no terraço. “Ele retornou, pulou o muro, pegou minha chave e saiu. Eu fiquei na marquise porque ainda nem tinha aberto a porta, eu estava amamentando e depois coloquei ele [o neném] para dormir lá fora. Passou um tempo e ele voltou, ficou batendo no portão para eu abrir e eu disse que quem estava com a chave era ele. Ele deu um chute no portão, empenou e pulou o muro”, afirmou.
“Não tinha intenção de fazer mal”
Assim que o casal entrou na casa, segundo a acusada, Wandson teria partido para a agressão. “Quando ele pulou o muro, ele entrou e abriu. Aí a gente começou a discutir, ele me xingou e falou umas coisas comigo. Nisso ele me deu duas testadas e a gente começou a se empurrar e eu estava com a faca na mão, mas eu não tinha intenção de fazer mal, não. Eu não imaginei, se eu soubesse eu tinha soltado. A gente começou a brigar, ele me empurrou na parede, mordeu meu braço. Quando eu estava de costas ele me empurrou na parede e puxou meus cabelos. Aí eu disse que iria denunciar ele, eu recebi uma pancada no joelho também. Nisso a gente bolou no chão, quando a gente ‘bolou’ no chão, eu fui pegar um jarro na estante e ainda bati na cabeça dele, mas ele já tinha caído em cima da faca e tinha batido o peito”, explicou.
Maria Edna viu que o marido estava sangrando e pediu ajuda. “Quando eu vi ele estava sangrando, ele se levantou, foi no banheiro, sentou no vaso, reclamou que estava doendo. Eu liguei primeiro para o Marcelo, depois para a Juliana e ele caiu na sala de novo. Quando ele caiu eu pensei que estava brincando. Aí ela já estava vindo, puxei a boca dele para ele não enrolar a língua. Eu não tinha força para pegar ele, então eu arrastei ele até o carro, até que puxando as pernas nós conseguimos jogar ele dentro do carro. O Marcelo deitou ele no banco e eu segurando a língua na boca dele porque ele estava querendo enrolar e eu empurrando o peito dele. Aí a gente chegou lá no pronto-socorro”, informou.
“Estou perdida”
A esposa de Wandson ressaltou em seu depoimento que ela e o marido viviam felizes, e que agora está “perdida” com sua morte. “Ele era a melhor pessoa que eu tinha na minha vida, ele cuidava dos meus filhos como ninguém, ele me ajudava tanto. A gente tinha um monte de sonhos, uma casa nova, a gente ia montar uma padaria e agora estou perdida. Eu estou perdida”, enfatizou.
Já haviam brigado antes?
O delegado questionou se o casal já havia se desentendido antes, e Maria Edna disse que eles dificilmente brigavam. “Só essas coisas assim de me empurrar, de me chutar, eu acho que eu tenho uma foto do braço inchado que ele apertou bastante. Mas assim, de fazer uma coisa dessa, de brigar, é difícil. A gente ficava mais calado, era difícil falar. Acho que a gente brigou, se empolgou e não soube parar. Ele começou a me agredir, não soube parar. Eu tinha dito para a Juliana que queria ir para a casa da mãe, mas quando cheguei o neném começou a chorar e acabei não indo. Eu queria pedir perdão para o Wandson, eu nunca vou poder cumprir o que eu fiz. Destruí um pouco de mim também”, afirmou a acusada.
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