O vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), Kleiton Holanda, denunciou ao GP1 que presos da Penitenciária Irmão Guido estão sendo utilizados para a construção de materiais para uso de uma pessoa ligada da Secretaria de Justiça.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Entrevista com Kleiton Holanda
Ele afirma que ao receber a denúncia fez uma vistoria na quarta-feira (5) na unidade prisional e descobriu que os presos contratados pela construtora para a reforma da Penitenciária Irmão Guido estão há três meses sem pagamento, que eles estão construindo pilares de concreto que não serão destinados ao local e que os materiais utilizados para a reforma são de baixa qualidade, onde estão sendo reaproveitados o que já tinha na Irmão Guido.
“Eu recebi a denúncia lá na Irmão Guido, de servidores, que o estabelecimento está sendo utilizado para fazer pilares de bloco de concreto, do tipo que são usados para cercar terreno. O que chama a atenção é justamente isso, que esses blocos não serão utilizados na unidade. Segundo informações que o sindicato colheu, é para atender pedidos de uma pessoa da Secretaria de Justiça. Colhemos que já têm 40 peças e uma fôrma dentro da unidade e materiais para se construir até chegar aos 400 pilares”, disse.
- Foto: SinpoljuspiBlocos de concreto construídos
Ele disse que não se pode compactuar com esse tipo de desvio de finalidade, principalmente porque os presos foram contratados para a reforma da Irmão Guido e destaca que estão utilizados materiais de péssima qualidade para a realização da reforma, que tem como um dos seus objetivos evitar fugas. Boa parte do material usado para a reforma é reaproveitado pelo que já se tem no local.
“Por se tratar de uma instituição pública, não pode ser utilizada para fins indevidos ou pessoais. Os presos alegam que a empresa não traz o material. Ele é reutilizado, com resto de concreto, de bloco de tijolos, e isso chama a atenção pois houve uma previsão orçamentária para a reforma dessa unidade e estão reaproveitando material de lá o pra diminuir custos e isso pode diminuir segurança das celas”, destacou.
- Foto: SinpoljuspiRestos de materias utilizados na reforma
Kleiton considera inadmissível estar faltando materiais para obra enquanto não falta nada para a construção dos blocos de concreto, que não serão utilizados na unidade. “Nas celas eram para ser colocadas chapas de ferro no seu piso, e depois recoberta com uma camada de concreto. Apenas as celas do fundo que limitam com o muro, é que elas foram colocadas. As celas que dividem os pavilhões também não colocaram. Então houve uma redução nesse material que gerou uma economia de custo. Falta material para completar a obra, mas não falta para fazer os blocos que são para fins pessoais”, criticou o vice-presidente do Sinpoljuspi.
Os presos afirmaram para Kleiton Holanda que estão há três meses sem pagamento por parte da construtora responsável pela obra e por isso houve uma redução na participação deles, dos 20 que participavam, apenas cerca de 8 continuam. Eles ainda reclamaram da falta de segurança.
“Vamos acionar o Ministério Público para que seja informado sobre o que está acontecendo e vamos apresentar todas as informações que temos. Os agentes ficam esperançosos com a obra e ela termina não acontecendo como deveria ser. Então é uma decepção como está sendo tratada essa reforma”, afirmou.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Kleiton Holanda
Outro lado
O GP1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da secretaria de Justiça, que informou que o caso será investigado.
- Foto: SinpoljuspiTreliça usada na obra
- Foto: SinpoljuspiReforma realizada na Irmão Guido
- Foto: SinpoljuspiÁrea de reforma na Irmão Guido
Ver todos os comentários | 0 |