Foi dado início na 1ª Vara Criminal do Júri, pelo juiz Antônio Noleto, a audiência de instrução e julgamento de Cícero Godoi da Silva, conhecido como Cícero Branco, acusado de ter matado o ex-prefeito de Aroazes, Manoel Portela, em 11 de dezembro de 1996. O acusado de ser o mandante do crime foi Francisco Bernardone da Costa, conhecido como China, que é ex-prefeito do município e foi condenado em 2010, a 15 anos de prisão pelo assassinato.
- Foto: Lucas Dias/GP1Julgamento no Tribunal do Júri
Manoel Portela foi assassinado com dois tiros na cabeça e a sua vitória na eleição municipal em Aroazes teria sido a motivação para o crime. O irmão de Bernadorne, Manoel Raimundo disputou a eleição e perdeu por 26 votos para Portela. O crime teria sido encomendado por cerca de R$ 50 mil, segundo o delegado que investigou o caso, Francisco Costa, conhecimento como Barêtta.
Barêtta que atualmente é coordenador da Delegacia de Homicídios, foi a primeira e única testemunha a prestar depoimento na audiência de instrução ocorrida hoje (26). Na época do crime, ele foi o responsável pela investigação e explicou que Manoel Portela foi assassinado dentro de uma caminhonete D20, próximo a praça do Clube dos 100, em frente a residência da mulher com quem ele teve dois filhos, identificada por Ursulina.
- Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Barêtta
Segundo Barêtta, o fato do irmão ter perdido a eleição, fez com que Bernadone encomendasse o crime. No julgamento foi lido uma parte do inquérito policial, onde consta que o acusado de ser o mandante teria afirmado após a eleição que “ele ganhou a eleição, mas não vai assumir” e que ‘”a gente vai ganhar no voto ou na bala”. Após a tragédia, quem assumiu foi o vice-prefeito na chapa da vítima, de nome Ferdinand.
“Eu fui um dos primeiros a chegar no local do crime. Eu não tenho dúvida [do envolvimento dos acusados], além da prova testemunhal, com pessoas e objetos, houve uma quebra de sigilo. Eu não tenho convicção não, eu tenho certeza de quem mandou matar [Manoel Portela] foi o Francisco Bernadone e quem matou foi o Cícero Godoi, que é um pistoleiro de aluguel e que cometeu vários crimes no estado do Maranhão. No Estado do Piauí não tem lugar para pistoleiro não”, disse o delegado Barêtta ao GP1.
- Foto: Lucas Dias/GP1Pistoleiro Cícero Branco
Barêtta revelou que com a quebra do sigilo telefônico, foram constatadas várias ligações entre os dois acusados. “Tudo foi devidamente estabelecido, o nexo causal está todo exposto no inquérito policial. Está mais claro que o sol de meio dia de Teresina”, afirmou.
Por volta das 11h30 a audiência foi suspensa, porque o promotor Régis Moraes Marinho, que está na acusação, afirmou que assumiu o caso somente agora por ser titular da 15ª Promotoria de Justiça, e quem estava no caso era o promotor José Hamilton. Ele pediu um prazo de cinco dias para se inteirar sobre o caso. O juiz Antônio Nolêto aceitou o pedido e uma nova audiência será marcada. "Dependendo da minha análise posso pedir ou não outra audiência para ouvir testemunhas arroladas na denúncia. Quero dizer que vai haver outra audiência, pois tem testemunhas da defesa que precisam ser ouvidas. É um processo de alta complexidade envolvendo vários acusados, além de ser volumoso, o que se faz necessário que se tenha um conhecimento aprofundado. Também temos que ouvir os acusados. Isso só vai acontecer após a minha manifestação”, explicou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Promotor Régis Marinho
Família participou da audiência
A jornalista Jeandra Portela, que é filha da vítima, afirmou que seu pai estava muito feliz após ter ganhado a eleição. “Na época eu tinha 11 anos. Mataram meu pai na porta da minha casa. Eu estava a poucos metros e escutei os tiros. Fui a primeira filha a ver meu pai naquela situação, com dois tiros na cabeça, morto, e eu sem entender nada. Meu pai tinha ganhado a eleição em outubro e estava muito feliz. Ia ser diplomado na semana que mataram ele”, disse.
Ela explicou que o mandante pelo crime cumpre regime semiaberto. “Ele foi condenado a prisão em 2013. Depois da morte, enquanto o processo estava rolando, ele foi preso várias vezes e ainda foi prefeito durante oito anos em Aroazes. A primeira vez ele saiu da prisão para lançar a candidatura e depois saiu para assumir o cargo de prefeito. Ele foi preso várias vezes e ganhou o direito de ficar no regime semiaberto. Atualmente ele está na [Penitenciária] Major César”, explicou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Jeandra Portela se emociona ao falar do pai
- Foto: Lucas Dias/GP1Audiência de julgamento contra acusado de matar Manoel Portela
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