O advogado Sammai Cavalcante, que representa a defesa de Lucélia Maria da Conceição Silva , presa por engano em Parnaíba após ser acusada de envenenar dois irmãos, afirmou que ainda não ingressou com ação indenizatória contra o Estado do Piauí, e que vai ajuizar o pedido somente após o processo transitar em julgado. Ele estima que o valor da indenização pode chegar a R$ 1 milhão.
Em entrevista ao GP1 na noite desta quinta-feira (6), o advogado explicou que o valor base da indenização é de R$ 300 mil, somente a tírulo de danos materiais, uma vez que Lucélia teve a casa incendiada e destruída por populares.
“Queremos começar o cálculo nesse patamar, a gente ia partir de 300 mil e escalonar essa indenização, porque os 300 mil é tão somente referente ao dano material. É a casa que foi queimada, os utensílios da casa, televisão, guarda-roupas, tudo que continha na casa da Lucélia que foi destruído. Em casos muito mais simples do que esse, eu cobro valores muito acima de 300 mil reais, imagina pelo que a Lucélia passou!”, afirmou Sammai Cavalcante.
Ainda segundo o representante da defesa, ele vai calcular o valor que deve cobrar na ação indenizatória conforme a quantidade de dias que sua cliente ficou presa, no caso, cerca de cinco meses.
“Não tem nada tramitando em vara cível em relação à ação indenizatória, apenas após eu conseguir a absolvição da Lucélia é que entrarei com essa ação e somando esse dano material em torno de 300 mil com dano moral, deve chegar perto de 800 mil ou um milhão de reais. Vai ser calculado por dia de sofrimento que a Lucélia passou no cárcere, e somente após o trânsito em julgado, não posso falar em ação indenizatória, sendo que eu ainda tenho um caso criminal para fechar”, concluiu o advogado.
Reviravolta
Lucélia Maria foi solta em janeiro após sair o laudo pericial dos cajus que, segundo a polícia, ela teria dado aos irmãos Ulisses Gabriel e João Miguel. O exame atestou que não havia veneno nas frutas.
Os irmãos Ulisses Gabriel da Silva e João Miguel da Silva foram hospitalizados no dia 22 de agosto do ano passado, com suspeita de envenenamento. João Miguel morreu no dia 28 de agosto e Ulisses Gabriel faleceu no dia 10 de novembro. Eles eram da mesma família que morreu envenenada depois, no início deste ano.
O envenenamento ocorrido na noite de ano-novo matou outras cinco pessoas, que comeram um arroz contaminado: Manoel Leandro da Silva, 18 anos; Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses; Maria Lauane da Silva, 3 anos; Maria Gabriela da Silva, 4 anos; e Francisca Maria da Silva, 32 anos. Esta última era mãe dos dois irmãos envenenados.
Apontados como autores do crime, estão presos Francisco de Assis Pereira da Costa e Maria dos Aflitos , mãe e avó das vítimas. No dia 22 de janeiro, morreu a vizinha da família, Maria Jocilene da Silva, após tomar um café servido por Maria dos Aflitos.
Em depoimento, Maria confessou participação no crime e disse que o marido planejou o assassinato em série para “se livrar” dos familiares e diminuir as despesas de casa. Ela também admitiu ter matado Jocilene, que sabia do plano, com medo de ela denunciar tudo às autoridades.