A Polícia Civil do Piauí instaurou um inquérito para investigar uma denúncia que envolve os irmãos e sócios do Colégio Lerote : Lenise Costa Fonseca , Terezinha de Jesus Fonseca Portella Nunes e João de Deus Fonseca Neto . A investigação também inclui os advogados Kleber Costa Napoleão do Rêgo Filho , que é sócio do colégio, e Rafael Trajano de Albuquerque Rego .
A investigação foi instaurada em 17 de dezembro do ano passado pela delegada Daniela Barros Tavares , da Delegacia de Segurança e Proteção ao Idoso de Teresina, após registro de notícia-crime feito por João de Deus contra as irmãs.
Mãe foi coagida pelas filhas
Segundo João de Deus, Lenise, Terezinha e os advogados teriam coagido sua mãe, Teresinha de Jesus Rosas Costa Fonseca, a doar um imóvel para a escola. Ele alega que, em 28 de abril de 2021, um imóvel pertencente a Teresinha e ao seu esposo, João de Deus Fonseca Filho (já falecido), foi transferido para a pessoa jurídica do Colégio Lerote por meio de um contrato assinado por ambos.
No entanto, João de Deus afirma que sua mãe é diagnosticada com Alzheimer há mais de 16 anos e que todas as decisões sobre seus bens devem ser tomadas por um curador, o que levantaria suspeitas sobre a legalidade da transação.
O processo de adjudicação do imóvel foi conduzido pelos advogados Rafael Trajano de Albuquerque Rego, que atuava como curador de Teresinha em um processo criminal, e Kleber Costa Napoleão do Rego, neto da idosa, que exerceu a curatela da avó até a conclusão do processo penal.
Indícios de fraude
Na notícia-crime, João de Deus Fonseca Neto afirmou que o documento de cessão indicava que sua mãe e seu pai, então com 101 anos, teriam recebido R$ 500 mil em espécie no ato da assinatura. No entanto, ele contesta a veracidade da transação, alegando que uma análise, ainda que superficial, da documentação revela indícios de fraude.
“Segundo consta no documento de cessão, um idoso de mais de 100 anos e uma senhora, com o mal de Alzheimer foram pagos com um volume tão grande de dinheiro vivo que sequer conseguiriam carregar. Não há, além disso, registro da transferência de tão alta soma nem nas contas dos cedentes, tampouco nos registros financeiros da pessoa jurídica cessionária! O documento anexo, utilizado com fins jurídicos em um processo legal, descreve a ‘aquisição’ de um bem imóvel com ‘dinheiro’ de origem desconhecida, aliás, de existência desconhecida, pagos a cedentes incapacitados de firmar consentimento válido, e deste pagamento não há qualquer rastro”, consta na notícia-crime.
Em declarações prestadas à polícia no último dia 15 de janeiro, João de Deus disse que os denunciados tinham conhecimento de que ela já estava incapacitada a algum tempo de exercer atividades complexas, uma vez que as próprias filhas acompanhavam a mãe em tratamentos médicos.
Polícia pede mais prazo
No dia 27 de janeiro, a delegada Daniela Barros solicitou dilação de prazo para conclusão do inquérito, considerando que ainda faltam diligências a serem realizadas para identificação da autoria e comprovação da materialidade delitiva.
Outro lado
Procurada pelo GP1 , nessa terça-feira (04), a assessoria de comunicação do Colégio Lerote ficou de enviar nota sobre o caso, o que não aconteceu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para esclarecimentos.