O GP1 teve acesso à investigação da Polícia Civil do Piauí , através da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática – DRCI, que resultou na prisão de duas pessoas, nessa segunda-feira (09), em Teresina, acusadas de invadir a conta bancária de uma idosa de 91 anos e subtrair o valor de R$ 227.374,00 (duzentos e vinte e sete mil reais e trezentos e setenta e quatro reais), utilizados na compra de veículo náutico de luxo (lancha).
Foram presos temporariamente Ivone Pereira Santos e Paulo Narciso da Silva . Uma terceira pessoa identificada como Thallyson Santiago Campelo , está foragida. Contra ele há um mandado de prisão preventiva.
Inquérito
O inquérito policial foi instaurado no dia 28 de maio de 2024, visando apurar o crime de furto qualificado mediante fraude praticado por Thallyson Santiago Campelo, Paulo Narciso da Silva e Ivone Pereira dos Santos contra a vítima A. de F. L., de 91 anos, no qual valores foram subtraídos da conta bancária da vítima, por meio de transferências bancárias e saque em terminal de autoatendimento.
À polícia, a vítima relatou que apesar do cartão bancário nunca ter saído do seu poder, foram realizadas operações bancárias estranhas, que resultaram no prejuízo total de R$ 227.374,00 (duzentos e vinte e sete mil e duzentos e trezentos e setenta e quatro reais). Contudo, posteriormente, o valor foi devolvido administrativamente pelo banco, após ter acatado a contestação apresentada pela vítima.
Após o início das diligências, foi possível identificar tanto os beneficiários das transferências bancárias, bem como dos saques realizados em terminal de autoatendimento, este último feito, inclusive, por meio de biometria digital por idosa ainda não identificada, acompanhada de Thallyson.
“Ressalte-se que a maior parte das transferências bancárias foram destinadas a compra de uma lancha, ainda com circunstâncias obscuras que serão esclarecidas com o prosseguimento das investigações, em grande parte, a partir da prisão dos já estabelecidos envolvidos”, diz trecho da investigação.
O que disse a filha da vítima
Conforme contou a filha da vítima, I. de F. L., ao conferir o extrato bancário da conta de sua mãe no dia 09 de maio deste ano, ela percebeu que havia algumas transações bancárias debitadas indevidamente da conta de sua mãe.
No dia 03 de maio de 2024, foram feitas as seguintes transações: R$ 56.500,00 para Ivone; R$ 43.500,00 para um posto de combustíveis, e dois saques nos valores de R$ 2.000 e R$ 1.600,00 no terminal de Auto Atendimento, na cidade de São João dos Patos, no Maranhão.
Já no dia seguinte, 04 de maio 2024, houve novas transferências no valor de R$ 43.500,00 para a PN P Construções Ltda, de propriedade de Paulo Narciso e de R$ 56.500,00 para R. M. L., além de mais dois saques no valor de R$ 1.500,00 cada.
No dia 08 de maio de 2024 foi feita uma transferência no valor de R$ 18.774,00 novamente para PN P Construções Ltda e dois saques no auto atendimento, um no valor de R$ 500,00 e outro no valor de R$ 1.500,00.
Ela afirmou que não havia solicitado alteração de senhas bancárias recentemente e que ninguém teve acesso ao cartão do banco além dela. Declarou ainda que no dia 09 de maio de 2024 foi até uma agência bancária comunicar o ocorrido e que gerente do banco lhe mostrou a filmagem de uma agência em que uma senhora acompanhada de um rapaz realizou uma movimentação no caixa eletrônico.
Compra de lancha
Um dos beneficiários das transações, R. M. L., trabalha com compra e venda de veículos, imóveis e outros bens e era dono de uma lancha que havia colocado para venda na cidade de Parnaíba.
Ele contou que no dia 29 de maio de 2024, foi procurado por uma pessoa conhecida como Japãozinho, dono da Japa Veículos, interessado pela lancha, e que o conheceu através de um amigo.
Japãozinho comprou a lancha pelo valor de R$ 193.000,00 e que ele orientou que o pagamento fosse feito em 4 transferências, sendo 3 para contas em seu nome e outra de propriedade de pessoa para quem o declarante estava devendo, dono de um posto de combustíveis, esta última foi estornada pelo banco por suspeita de fraude.
Conforme as investigações, as transferências foram feitas em nome de Thallyson Santiago Campelo. Após o estorno do valor, o dono da lancha foi até Thallyson questionar sobre o motivo, tendo este dito que tal valor era da venda de um carro que teria realizado para um pessoal do Maranhão. Na mesma ocasião Japãozinho fez o PIX de R$ 43.500,00 diretamente para a conta do dono da lancha, totalizando o valor de R$ 193.000,00 (cento e noventa e três a mil reais).
A investigação apontou ainda que Thallyson está diretamente relacionado ao crime, tanto no que se refere ao saque de valores da conta da vítima, acompanhado de idosa ainda não identificada, bem como na compra da lancha com a transferência de valores de conta própria, cumulada com outros depósitos oriundos da mesma conta fraudada.
O que disseram os investigados
À polícia, Ivone Pereira contou que é empresária do ramo de celulares e acessórios na cidade de Bacabal, no Maranhão e que no mês de maio de 2024, foi surpreendida com o depósito em conta corrente própria de um o valor que não soube precisar, mas que era mais de R$ 50 mil e que dois dias depois entrou em contato com o gerente da conta informando o ocorrido, momento em que a sua conta foi bloqueada.
Ivone afirmou ainda que isso nunca havia acontecido antes e que em nenhum momento qualquer pessoa falou ela acerca do valor que iria cair ou que caiu na sua conta. Ela também disse que não conhece Thallyson Santiago Campelo e que nunca havia sido presa ou processada criminalmente.
Já Thallyson manifestou que não tinha nada a declarar, permanecendo em silêncio e Paulo Narciso da Silva, não foi ouvido porque não compareceu em nenhuma das datas marcadas para sua oitiva.
“Os criminosos utilizaram o acesso indevido a conta da vítima para realizar várias operações bancárias, todas vinculadas a compra da lancha já identificada nos autos. Todos os beneficiários das transferências bancárias, exceto o senhor R. M. L., vendedor da lancha, não souberam ou não tiveram interesse em explicar a razão de terem sido favorecidos pelos valores subtraídos da conta da vítima”, pontuou o relatório da investigação.
Operação Turismo Criminoso
Thallyson Santiago foi um dos alvos da Operação Turismo Criminoso deflagrada pelo Departamento de Combate à Corrupção, no dia 3 de setembro, contra acusados de integrar esquema de fraude contra o Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) do Piauí, além da realização de financiamentos bancários fraudulentos.
Contudo, Thallyson não foi localizado e está foragido desde então.
Durante a ação, o policial Marcelo Soares da Costa, do DRACO, que deu apoio à operação, foi assassinado por um dos alvos, Bruno Manoel Gomes Arcanjo, que acabou preso.