O juiz João Manoel de Moura Ayres , da 5ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, recebeu denúncia contra Paulo Henrique Ramos da Costa Lustosa (Paulinho Chinês), Ítalo Freire Soares de Sá e mais nove pessoas, todos alvos da Operação Mandarim, acusados de integrarem organização criminosa voltada para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A ação penal do Ministério Público foi recebida no dia 10 de julho.

Além de Paulinho Chinês e Ítalo Freire, a Justiça mandou para o banco dos réus, pelos crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa : Lorena da Silva Lustosa Ramos (esposa de Paulinho Chinês), Ana Raquel da Costa Ramos (irmã de Paulinho), André Kauê Dias Viana , Ramon Santiago Matos Nascimento , Raimundo Nonato Rodrigues da Conceição , Govandi Freire de Sá Filho , Maria de Fátima Soares Abreu , Victor Levi Fernandes Soares e Cássio da Silva Sousa .

Foto: Reprodução
Paulinho Chinês e Ítalo Freire

A denúncia do promotor Marcelo de Jesus Monteiro Araújo teve como base o inquérito policial instaurado ainda em 2018, que revelou que o esquema criminoso seria comandado por Paulinho Chinês, apontado inicialmente como empresário, “o qual seria responsável por armazenar e distribuir grande parte dos entorpecentes comercializados no estado do Piauí”.

No ato de recebimento da denúncia, o juiz Manoel de Moura Ayres ressaltou que a ação penal atende aos requisitos exigidos, uma vez que expõe detalhadamente os fatos imputados a cada um dos denunciados, descrevendo suas condutas, os elementos de prova obtidos durante a investigação (interceptações telefônicas, quebra de sigilos bancário e telemático, relatórios de inteligência financeira, entre outros), a qualificação dos acusados e a classificação dos crimes.

“As interceptações telefônicas, por exemplo, revelam conversas entre os acusados que indicam claramente o envolvimento de cada um na organização criminosa e nas operações de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Diante do exposto, recebo a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Piauí em todos os seus termos, admitindo, em princípio, a imputação formulada”, decidiu o magistrado.

Integrantes do esquema

Os integrantes do esquema criminoso foram identificados, em grande parte, por meio da quebra de sigilos telefônicos e bancários.

A primeira pessoa identificada ligada a Paulinho Chinês foi sua irmã, Ana Raquel da Costa Ramos, que, de acordo com a polícia, utilizava sua conta bancária para o recebimento dos pagamentos oriundos da venda dos entorpecentes.

Na sequência, as autoridades apuraram que Paulinho Chinês tinha forte vínculo com André Kauê Dias Viana e Ítalo Freire de Sá, que, segundo as investigações, “tinham o papel de auxílio na logística relacionada aos entorpecentes, bem como na lavagem do capital obtido com a atividade ilícita, motivo pelo qual passaram a ser investigados”.

Ítalo Freire era proprietário de empresas usadas para lavar o dinheiro obtido com a prática criminosa. Posteriormente, em 2022, a Polícia Civil chegou a outro nome: Raimundo Nonato Rodrigues da Conceição, um dos responsáveis pelo transporte das drogas oriundas das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil para o estado do Piauí.

O nome de Ramon Santiago veio à tona após as investigações identificarem transferências realizadas através da conta bancária de sua empresa (RS Matos Nascimento Negócios) para Raimundo Nonato. A polícia também chegou a Victor Levi Fernandes Soares e Maria de Fátima Soares Abreu após verificar movimentações bancárias vultosas em seus nomes.

Familiares envolvidos

Lorena Lustosa, esposa de Paulinho Chinês, é suspeita de participar efetivamente da organização criminosa, fazendo transações financeiras. Já Govandi Freire de Sá Filho, irmão de Ítalo Freire, é apontado como “laranja” do esquema, realizando pagamentos, através de sua conta bancária, para locadoras de veículos utilizados no transporte das drogas.

Operação Mandarim

Os réus foram presos na Operação Mandarim, deflagrada em 23 de novembro de 2022 em Teresina, pela extinta Delegacia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes (Depre). Todos eles respondem em liberdade, com exceção de Raimundo Nonato Rodrigues.