A Superintendência de Operações Especiais da Secretaria de Segurança Pública do Piauí finalizou a Operação Parasitas com 23 presos, durante a ação deflagrada na manhã desta quarta-feira (15) contra pessoas físicas e jurídicas envolvidas em um complexo esquema de fraude corporativa contra empresas do setor de peças automotivas nos estados do Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte.
Em entrevista coletiva, o delegado Anchieta Nery , diretor de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí, afirmou que o grupo alvo da operação montou “um verdadeiro esquema” contra as empresas estabelecidas no mercado de peças automotivas, que acabaram se tornando vítimas do grupo que tinha a participação de ex-funcionários.
Com funcionava o esquema
A investigação capitaneada pelo delegado Yan Rêgo Brayner , titular do inquérito policial, identificou que o grupo criminoso se aproveitava da necessidade das grandes empresas, que possuíam frota veicular, em fazer a manutenção desses veículos para aplicar o golpe. “Imagina que eu tenho uma grande empresa aqui na capital, que tem uma grande frota de veículos, pode ser uma transportadora de cargas, uma empresa de ônibus, um grande varejista, e ela tem que dar manutenção corretiva e preventiva nessa frota, e vai pagar despesas por isso, vai comprar peças, pagar serviços de oficina. Então, esse grupo criminoso passou a cooptar funcionários dessas empresas [donas das frotas de veículos] e cooptar, também, empresários que forneciam peças de serviço para emitir notas com sobrepreços”, explicou Anchieta Nery.
Três formas de ganhar dinheiro
Ainda conforme o delegado Anchieta Nery, o grupo possuía três maneiras diferentes de ganhar dinheiro. “Eles emitiam notas com sobrepreços para pagar comissão indevida a alguns funcionários, emitiam notas completamente frias, notas de peças de serviço que nunca existiram, e o terceiro ponto era o desvio de peças do estoque da empresa. Então, às vezes, a empresa vítima emitia um pedido de peças, um lojista de fato vendia essa peça, só que ao chegar no destino essa peça era desviada por membros do grupo criminoso para ser reinserida no mercado, então esse grupo ganhava dinheiro dessas três formas. Tudo isso era combinado com funcionários para ganhar comissionamento, inserindo notas fiscais frias na trilha de pagamento das empresas vítimas e desviando peças do setor automotivo de empresas vítimas para recolocar no mercado”, completou o delegado.
Empresas de fachadas foram criadas para ampliar os golpes
Ainda conforme o diretor de Inteligência a SSP-PI, para ampliar o golpe que gerou prejuízo milionário, o grupo criminoso se utilizou, primeiramente, de empresas já existentes no mercado e, depois, diante da necessidade de expansão do esquema, foram criadas diversas empresas de fachadas.
“Nós temos, de um lado, as vítimas, que eram empresas, e do outro lado, dos investigados, também com empresas. E aí, dois grupos de empresas investigadas, que realmente existem no comércio local, em determinado momento se envolveram nessa atividade criminosa, e mais de dez empresas fantasmas, que foram criadas especificamente para acelerar os ganhos financeiros desse grupo composto por líderes da organização, que orquestravam todo o esquema, nós temos pessoas que emprestaram seu CPF para a criação de empresas fantasmas, ex-funcionários de empresas vítimas e pessoas que receberam e movimentaram valores em suas contas”, acrescentou.
Líder do grupo chegou a faturar R$ 100 mil por semana
“Nesse primeiro inquérito, a gente apurou um prejuízo de 3,5 milhões de reais, mas novas investigações podem surgir e esse valor modificar. Para você ter uma ideia, o líder dessa organização criminosa, segundo as investigações, em determinado período, chegou a faturar de 80 a 100 mil reais por semana”, finalizou o delegado Anchieta Nery.
Operação Parasitas
A Supertintendência de Operações Especiais da Secretaria de Segurança Pública do Piauí deflagrou uma operação para cumprir 23 mandados de prisão temporária e a suspensão das atividades econômicas de empresas que, de acordo com os indícios, eram usadas para facilitar as práticas criminosas de emissão de notas fiscais frias e superfaturadas, além do desvio de peças de veículos do setor de oficina, com prejuízos estimados em mais de R$ 3 milhões.
As investigações apontaram para a existência de uma associação criminosa entre ex-funcionários e fornecedores de peças e serviços automotivos com atuação nas cidades de Teresina, Alto Longá, Timon, Estado do Maranhão e Jurucutu, Rio Grande do Norte.