A empresária Letice Maria Sousa Colasso , presa na manhã desta quarta-feira (20), pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), da Polícia Civil do Piauí, acusada de aplicar vários golpes, responde a 24 processos cíveis e criminais na Justiça.
Entre os processos estão: crime de estelionato contra empresários que venderam aparelhos de academia para Letice; ação monitória ajuizada por cirurgião-dentista por cheques sem fundos; ação de médico que vendeu um celular e não recebeu o dinheiro.
Conforme as investigações da polícia, a empresária utilizava, principalmente, ‘golpe do pix’ contra as vítimas, especialmente, na compra de aparelhos de musculação para as suas academias, além de utilizar cheques sem fundos.
Empresário caiu no ‘golpe do pix’
Uma das vítimas foi o empresário F. da C. H. de M. C. que anunciou a venda de aparelhos de academia na plataforma OLX, onde Letice demonstrou interesse na compra dos produtos e fez algumas propostas, tendo sido acordado, por meio de contrato, o valor de R$ 40 mil, que deveria ser pagos em 08 parcelas de R$ 5 mil.
Letice então enviou um comprovante de depósito no valor de R$ 5 mil à vítima, que sem aplicativo do banco para conferir o extrato, confiou na palavra de Letice e despachou os aparelhos para a cidade de Floriano, onde ela possui uma academia.
No entanto, ao conferir o extrato da conta, a vítima observou que o dinheiro não havia caído. Após vários dias conversando com Letice, ela confessou que de fato não havia feito a transferência, pois estava sem dinheiro e realizou um depósito no valor de R$ 1 mil, enviando apenas um comprovante de agendamento.
Por fim, a vítima percebeu que a primeira transferência estava cortada na parte de cima, onde constava o agendamento. Mesmo após inúmeras tentativas, segundo o empresário, Letice “se negou a devolver os equipamentos e mandou o declarante procurar a Justiça”.
Cheque sem fundos
Outra vítima da empresária, um cirurgião-dentista de iniciais A. B. C., realizou procedimento em Letice e aceitou um cheque da acusada como forma de pagamento no valor de R$ 10 mil. Contudo, ele foi devolvido duas vezes, nos dias 05 e 10 de fevereiro de 2021.
Após a última devolução, o profissional tentou de todas as formas receber o valor devido. No entanto, não logrou êxito, sendo que a empresária em mensagens de aplicativo falou o seguinte trecho: “Dever não é crime, e só pagaria via ação judicial”.
Golpe contra médico
No dia 17 de fevereiro deste ano, o Ministério Público do Piauí, por meio do promotor José Eduardo Carvalho Araújo, denunciou a empresária pelo crime de estelionato praticado contra um casal de médico e dentista, que procuraram a polícia no dia 21 de março de 2022, alegando terem sido vítimas de um golpe aplicado pela empresária.
O médico narra que colocou à venda na internet um aparelho celular no valor de R$ 4.800,00, e Letice Colasso entrou em contato, no dia 2 de março, manifestando interesse em adquirir o bem. Ela apresentou proposta de pagar R$ 4.700,00 à vista e o médico fechou negócio. Como ele estava de plantão em outra cidade, a esposa dele entregou o aparelho a empresária que, conforme a polícia, enviou um comprovante de pagamento falso.
As vítimas somente perceberam a fraude ao checar a conta bancária e não identificar o crédito da quantia que deveria ter sido transferida.
O médico entrou em contato com a acusada e, após intensas cobranças, ela fez duas transferências, cada uma no valor de R$ 1 mil. Percebendo que estava sendo vítima de golpe, a vítima solicitou o bloqueio do aparelho junto à operadora no dia 18 de março e, no dia seguinte, a empresária entrou em contato, pelo WhasApp, dizendo que não poderiam ter feito aquilo e que agora somente pagaria o valor devido por meio da Justiça.
A denúncia foi recebida no dia 21 de março pelo juiz João Antônio Bittencourt Braga Neto, da 4ª Vara Criminal da Comarca de Teresina.
Pedido de liberdade negado
O Tribunal de Justiça do Piauí negou pedido de habeas corpus feito pela defesa da empresária Letice Maria Sousa Colasso. A decisão do desembargador plantonista, Sebastião Ribeiro Martins, foi proferida na noite dessa quarta-feira (20). Segundo ele, a prisão preventiva foi decretada para a garantia da ordem pública em razão da reiteração delitiva.
Prisão de Letice Colasso
A Polícia Civil do Piauí, através da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), prendeu nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (20), no condomínio Terras Alphaville, a empresária Letice Maria Sousa Colasso, acusada de utilizar suas redes sociais para aplicar golpes, dentre eles, a tentativa de venda do imóvel no referido condomínio onde ela reside de aluguel.
O GP1 obteve acesso com exclusividade à investigação, que apontou que Letice Colasso utilizava a rede social Instagram, @leticecolasso, para promover suas atividades profissionais na área de educação física, nutrição e empreendedorismo, o que inclui a propriedade de diversas academias de musculação.
No referido perfil, a acusada levava uma vida de luxo, onde também fazia ampla divulgação de sua vida pessoal, ostentando bens e viagens nacionais e internacionais, incluindo roteiros famosos como Disney e Dubai. Em contrapartida, mesmo diante de todo potencial financeiro demonstrado em rede social, o GP1 apurou que a acusada enfrenta vários processos cíveis e criminais, motivados pelo não cumprimento de compromissos financeiros firmados por ela, quando ela buscava adquirir bens.
Um dos fatos mais curiosos da investigação foi a publicação de anúncio de venda de um imóvel que não é de sua propriedade, locado por Letice Colasso, em um valor muito abaixo do valor de mercado em uma rede social de grande alcance, com cerca de 156 mil seguidores.
A verdadeira proprietária da casa procurou a Polícia Civil e informou que Letice e seu marido estavam inadimplentes com o pagamento do aluguel desde o mês de junho de 2023 e que acabou sendo surpreendida, por meio de interposta pessoa, sobre um anúncio de venda da casa locada, por meio dos "stories" do perfil do Instagram @leticecolasso. Na postagem, a qual o GP1 obteve acesso, a casa está à venda pelo valor de R$ 1.400.000,00 (um milhão e quatrocentos mil reais), bastante abaixo do preço de venda.