O diretor da penitenciária Professor José de Ribamar Leite, antiga Casa de Custódia de Teresina, tenente Jean Carlo Rodrigues Bezerra, está sendo acusado de agredir a própria esposa e de ameaçar ela e a filha de apenas 2 anos e 7 meses, de morte. De acordo com a própria vítima, o fato ocorreu no dia 23 de junho de 2018.
Em entrevista ao GP1, na manhã desta terça-feira (03), a esposa, Erica Paula, relatou como ocorreram as agressões e informou ainda que já levou o caso ao conhecimento da Polícia Civil, na pessoa da delegada Mariely Vilhena, e da Corregedoria da Polícia Militar do Piauí.
- Foto: Divulgação/AscomTenente Jean Carlo
“No sábado anterior (23) eu descobri que o Jean estava tendo um caso com uma nutricionista da Casa de Custódia. Durante um ano ele já tinha um relacionamento com essa menina e todo mundo sabia, eu não. Quando eu descobri, fui tirar satisfação com ele em casa. Ele saiu, uma hora depois retornou e eu disse: ‘cara, pega tuas coisas, caia fora daqui e me deixa em paz com a neném, me deixa em paz. A minha filha tem 2 anos e 7 meses. Aí ele me deu um tapa no rosto e veio pra cima. Eu me defendi, pois não iria apanhar à toa. Ele me pediu que eu não fizesse nada [...] Foi sábado, domingo, segunda, terça, quarta, quinta [...] só briga, só discussão e ele dizendo que ia me matar, que ia matar nossa filha, que ia se matar. Quando foi na quinta-feira (28) à noite eu falei: ‘não, não tenho condições de sustentar isso, eu vou ter que denunciar’. Aí na sexta (29) de manhã eu fui, porque senão as marcas sumiriam. Fui para a delegacia e fiz todo o procedimento, como a Justiça pede”, relatou Erica Paula.
Segundo ela, dois dias após a agressão, o marido foi nomeado 1º tenente da Polícia Militar do Piauí. “Ele me agrediu no sábado e na segunda-feira (25) foi o aniversário da Polícia Militar do Piauí. Ele foi promovido a 1º tenente por merecimento. Então o cara já está respondendo processo por conta de um agente que ele agrediu e ainda deram a patente a ele de 1º tenente por merecimento. Eu sei que isso não tem como voltar atrás. Agora, o que eu preciso fazer é com que a mídia repercuta o caso, para que pelo menos as pessoas saibam alguma coisa, porque se vier a acontecer comigo, se eu for morta por ele ou por qualquer outra situação, as pessoas têm que saber de onde é que está vindo. E é como eu falei para a delegada, eu estou na minha casa hoje, onde eu resido, e estou com muito medo dele. Eu e minha filha ficamos ausentes desde sexta quando eu denunciei, a pedido da própria delegada, mas hoje nós decidimos retornar à nossa casa. Então eu preciso tomar providências pelo menos a nível de meios de comunicação”, disse.
Denúncia
Erica Paula contou ainda que resolveu fazer a denúncia para proteger sua filha, que também foi ameaçada de morte. “Na sexta-feira eu fui na delegacia da mulher, fiz a denúncia, fui no Instituto Médico Legal, fiz o exame de corpo de delito e fui na Corregedoria da Polícia Militar do Piauí fazer a denúncia. Desde sexta-feira, a polícia está tentando localizá-lo para fazer a notificação da medida protetiva com relação a mim e minha filha. A delegada que está no caso está fazendo o possível e o impossível para conseguir uma medida de prisão provisória para ele. A notícia que eu tive hoje pela manhã é que ele está trabalhando normalmente na Casa de Custódia, pois ele é o diretor”, afirmou.
Ela completou ainda: “A nossa situação foi a seguinte: agressão física e ameaça de morte. Eu fiquei escondida durante esses dias, de sexta-feira pra cá, fora da minha casa, hoje é que eu voltei para casa com a minha filha, com medo de ele fazer alguma coisa. Como eu disse para a delegada, como ela ainda não conseguiu essa prisão provisória dele eu preciso ir para a mídia, pois esse cara pode me matar e eu não vou virar mais uma notícia em jornal. Eu sou uma pessoa muito instruída e é impossível que um secretário de Justiça deixe uma pessoa dessa [trabalhando]. Esse cara se envolveu em um escândalo há 60 dias com um agente penitenciário que ele bateu, e agora a situação foi envolvendo a minha pessoa. Então o fato de eu estar buscando a mídia é que eu preciso me resguardar que ele não faça nada comigo e se vier a ocorrer qualquer coisa a mídia já sabe. Ele se acha um Deus por ser oficial da polícia, que nada acontece com ele”, acrescentou Erica Paula.
Investigações
Em entrevista ao GP1, na manhã desta terça-feira (03), a delegada Mariely Vilhena, informou que vem acompanhando o caso desde a última sexta-feira (29), e que o depoimento da vítima está robusto, inclusive, com provas materiais.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Delegada Mariely Vilhena
“Até o presente momento, foi colhido o depoimento dela, um depoimento bem convincente, com elementos materiais, como exame de corpo de delito, que atesta lesões sofridas no corpo e alguns áudios no celular dela, de mensagens que ele passou para terceiros”, ressaltou.
Medida protetiva
Segundo a delegada Mariely Vilhena, o tenente Jean Carlo deve ser notificado ainda hoje (03) sobre a medida protetiva. “Até domingo, ele [Jean Carlo] ainda não tinha sido notificado para tomar conhecimento da medida protetiva, mas hoje o procedimento foi distribuído do plantão para a 3ª Vara, que tem a atribuição e competência para julgamento do feito nesses casos e, com certeza, o oficial de justiça está em campo para dar andamento a esse procedimento”, enfatizou.
Prisão provisória
Indagada se as informações constantes na denúncia são suficientes para pedir a prisão do 1º tenente, a delegada destacou que algumas testemunhas serão ouvidas e, se for o caso, a prisão será requerida à Justiça. “As testemunhas estão intimadas a comparece hoje na delegacia para serem ouvidas. Diante dos depoimentos e do comportamento do agressor, a partir de então nós vamos fazer, se for necessária, a representação pela prisão”, pontuou.
O que diz a Polícia Militar do Piauí
O GP1 ouviu o Comandante Geral da Polícia Militar do Piauí, coronel Lindomar Castilho, que já designou um oficial da Corregedoria da PM para apurar a denúncia, através de procedimento administrativo. Segundo ele, como se trata de crime comum, caso seja adotada alguma medida por parte do Poder Judiciário, a Polícia Militar vai acatar.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Lindomar Castilho, comandante Geral da Polícia Militar
“Denúncias como essa cabe à Polícia Militar apurar. O corregedor me comunicou ontem ao final da tarde sobre esse B.O e eu já determinei que ele instaurasse o procedimento administrativo para apurar. Ao mesmo tempo, eu tomei conhecimento que a esposa do oficial já compareceu à delegacia da mulher, em Timon, já que residem em outro estado, e lá a delegada tomou providências em relação a comunicar os fatos ao Judiciário. Então se durante esse período da apuração o judiciário entender que devem ser tomadas outras providências, já que o crime é comum, no momento em que formos comunicados por parte do Poder Judiciário adotaremos as providências que forem recomendadas por aquele poder”, respondeu.
Outro lado
O tenente Jean Carlo Rodrigues Bezerra não foi localizado pelo GP1.
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