Em negociação para fechar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, o dono da JBS Joesley Batista, gravou um áudio em que o presidente do PSDB Aécio Neves pede R$ 2 milhões a ele.
Segundo site do O Globo, Aécio fez o pedido com a justificativa de que precisava do dinheiro para pagar despesas com sua defesa na Lava Jato.
O dinheiro foi entregue a um primo do senador, e a ação foi filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho do dinheiro. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
Aécio e se Joesley se encontraram no dia 24 de março, no Hotel Unique, em São Paulo, e o diálogo que foi gravado durou cerca de 30 minutos.
- Foto: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoAécio Neves
O pedido de ajuda foi aceito. O empresário quis então saber quem seria o responsável por pegar as malas. Deu-se, então, o seguinte diálogo:
— Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança — propôs Joesley.
— Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio.
O presidente do PSDB indicou um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. Tocava a área de logística.
Quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. A PF filmou uma delas.
As filmagens da PF mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).
Ainda segundo O Globo, Mendherson levou de carro a propina para Belo Horizonte. Fez três viagens — sempre seguido pela PF. As investigações revelaram que o dinheiro não era para advogado algum. O assessor negociou para que os recursos fosse parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella.
Não há nenhuma indicação de que o dinheiro tenha ido para Toron.
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