O Tribunal Nacional da Espanha suspendeu nesta sexta-feira, 22, a extradição do ex-chefe de inteligência de Hugo Chávez, o militar venezuelano Hugo Carvajal, para os Estados Unidos, onde é acusado de tráfico de drogas. A decisão desta sexta se sobrepõe a resoluções anteriores da corte espanhola, de quarta e quinta-feira, que haviam negado o adiamento da entrega do venezuelano a autoridades americanas.
Chefe dos serviços de Inteligência venezuelanos sob a presidência de Chávez, Carvajal foi preso em setembro, em Madrid, depois de passar quase dois anos foragido. Para fugir das autoridades, o general aposentado de 61 anos se submeteu a cirurgias estéticas, usava bigode e peruca e mudava de endereço a cada três meses, segundo a polícia espanhola.
De acordo com um comunicado do tribunal espanhol, a extradição de Carvajal foi adiada em função de um erro formal em uma ordem judicial anterior, apontado pela defesa do militar, o que fez a corte "concordar em suspender a materialização da entrega aos Estados Unidos" até a correção do erro. O órgão judicial, contudo, não informou em quanto tempo a questão será resolvida.
Fontes do Judiciário espanhol afirmaram à EFE durante a semana que a extradição de Carvajal ocorreria neste sábado, 23, após as decisões de quarta e quinta confirmarem a entrega do militar às autoridades americanas. Na quarta-feira, 20, o tribunal ordenou a que a extradição fosse concluída assim que fosse negado o pedido de asilo de Carvajal à Espanha, enquanto na quinta, 21, rejeitou novamente o adiamento, em resposta a um pedido para que o venezuelano participasse como testemunha em um processo sobre o financiamento do partido espanhol Podemos por Venezuela e Irã.
Caso a extradição seja concluída ainda nesta semana, este seria o segundo ex-oficial do chavismo a ser entregues a autoridades americanas nos últimos dias. No fim de semana passado, Alex Saab, um conselheiro próximo de Nicolás Maduro, foi extraditado para os EUA sob acusações de lavagem de dinheiro e vínculo com o Hezbollah.
Maduro imediatamente encerrou as negociações que haviam sido abertas com a oposição e mandou prender seis executivos de companhias de petróleo americanas no país. Em um pronunciamento em rede de televisão nacional, o presidente chegou a afirmar que o "império americano" teria violado leis internacionais para prender o diplomata venezuelano - o que foi prontamente negado pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, que disse que o caso contra Saab é antigo e não configura uma represália dos EUA ao governo Maduro.
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