O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, controlado pelo chavismo, emitiu nesta quinta-feira, 2, uma ordem de prisão contra o líder opositor Leopoldo López, que fugiu na terça-feira de sua prisão domiciliar em Caracas e se juntou ao autodeclarado presidente interino Juan Guaidó na tentativa de reunir apoio de dissidentes militares para derrubar Nicolás Maduro.
López fez um pronunciamento à imprensa no fim da tarde depois da emissão do mandado de prisão, na porta da residência do embaixador no qual afirmou que participou das negociações da oposição com membros da elite chavista descontentes com Maduro mesmo em prisão domiciliar.
- Foto: Ariana Cubillos / APLeopoldo López
“Em 30 de abril, um grupo grande de militares deu um passo importante. Falei com muitos generais, isso posso contar. Não fiquei inativo nem um só dia (na prisão domiciliar”, disse López. “Nada do que temos feito foi no improviso. Virão mais rupturas no Exército. Essa ditadura vai acabar.”
López disse que não pretende voltar para a cadeia, mas que não tem medo de isso acontecer de novo. Ele ficou quase três anos incomunicável numa cela e há dois cumpria prisão domiciliar, acusado de incitar protestos contra o governo em 2014. "Não quero voltar para a prisão", disse. "É um inferno."
Com o fracasso da intentona, López está há três dias na condição de hóspede na residência do embaixador espanhol na Venezuela, Jesús Silva. A residência possui inviolabilidade diplomática e só pode ser acessada por autoridades venezuelanas com a autorização do governo espanhol.
Isso não deve acontecer. No começo da noite, o governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez afirmou por meio de nota que não tem intenção de entregar López ao chavismo. Segundo o comunicado, o opositor está na residência na condição de hóspede e a Espanha acredita que as autoridades venezuelanas respeitarão a inviolabilidade da residência do embaixador.
Na decisão divulgada hoje, o tribunal afirmou que a prisão domiciliar foi revogada por “ter sido flagrantemente violada”. Ainda de acordo com o TSJ, López também descumpriu uma proibição para fazer pronunciamentos políticos a meios de comunicação nacionais e internacionais. O TSJ quer que o líder do Voluntad Popular retorne à prisão militar de Ramo Verde, em Caracas.
O mandado ainda diz que a prisão deve ser efetuada por agentes do serviço secreto venezuelano, o Sebin.
A agência está no foco do descontentamento militar contra Maduro. O general que comandou o órgão até terça-feira, Manuel Cristopher Figuera teria rompido com o chavismo e articulado a fuga de López. Seu paradeiro é desconhecido. Ele foi demitido e substituído por um militar próximo do homem-forte do chavismo, Diosdado Cabello.
Mais cedo, a mulher de López denunciou uma invasão de sua residência por agentes do governo em Caracas. “Há agentes patriotas no Sebin, mas há também agentes maus, leais ao regime”, disse Lilian Tintori.
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