Em uma publicação no Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Brasil e Argentina têm desvalorizado as próprias moedas e, por conta disso, anunciou que vai retomar tarifas sobre aço e alumínio provenientes dos dois países da América do Sul.
"A desvalorização não é boa para os nossos fazendeiros", disse o chefe da Casa Branca, acrescentando que o que vem acontecendo com as moedas locais frente ao dólar causa dificuldades para as exportações americanas. "Fed (Federal Reserve, o banco central americano) precisa agir para que países não tirem vantagem de nosso dólar forte para desvalorizar ainda mais suas moedas", completou.
De acordo com a publicação, os efeitos da medida anunciada são imediatos. Confira o Tweet abaixo.
Brazil and Argentina have been presiding over a massive devaluation of their currencies. which is not good for our farmers. Therefore, effective immediately, I will restore the Tariffs on all Steel & Aluminum that is shipped into the U.S. from those countries. The Federal....
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 2, 2019
O presidente da República, Jair Bolsonaro, reagiu à fala de Trump afirmando que vai conversar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e acrescentou que, se precisar, vai contatar o próprio presidente americano. "Se for o caso, falo com Trump, tenho canal aberto".
A decisão Trump deve causar algum estresse no mercado doméstico nesta segunda-feira, avalia o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira. "É sempre muito ruim (esse tipo de notícia), deve afetar negativamente o setor. A Gerdau tem planta por lá", lembrou. No entanto, o economista não vê a notícia como um fator que possa provocar perdas consideráveis na Bolsa, por exemplo. "Não vejo isso como um grande fator. (Os EUA) não são o principal parceiro do Brasil na área de aço", avalia.
De acordo com Bandeira, o bom humor no exterior pode limitar eventuais perdas no Brasil. "O dia está muito positivo lá fora. Tem essa questão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e de aliados planejando aprofundar cortes na produção até pelo menos junho de 2020, o que ajuda o petróleo e pode beneficiar as ações da Petrobrás. Porém, ainda seguem dúvidas relacionadas ao setor bancário em decorrência da limitação de juros no cheque especial", afirma.
Histórico das tarifas
O presidente Trump havia anunciado, em março do ano passado, a imposição de uma sobretarifa de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio de vários países, incluindo o Brasil - o maior exportador de aço para os EUA. "Nossas indústrias de aço e alumínio foram dizimadas por décadas de comércio injusto e políticas ruins de países ao redor do mundo. Nós não podemos mais deixar que tirem proveito do nosso país, empresas e trabalhadores", escreveu o presidente americano, à época, em sua conta no Twitter.
A decisão provocou enorme polêmica em todo o mundo. Os próprios americanos questionaram a medida, argumentando que a barreira a essas matérias-primas poderia encarecer o preço de automóveis, eletrodomésticos e de outros produtos, podendo ter um impacto negativo sobre a inflação do país. O que Trump aceitou fazer foi estabelecer cotas de importações para o aço, sem a sobretarifa.
Em agosto, porém, diante da pressão das próprias empresas americanas, o presidente americano voltou atrás e resolveu flexibilizar a política das sobretarifas. Ele autorizou a entrada de aço e alumínio no país em quantidade acima das cotas livres dessas taxas, desde que ficasse comprovado que o produto não era feito nos EUA em quantidade suficiente ou que fosse de qualidade insatisfatória. Agora, Trump resolveu retomar essas taxas, reabrindo a polêmica.
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