A indústria da música mundial sofreu um forte golpe neste mês, com a descoberta de diversos crimes em torno de Sean "Diddy ", um dos maiores nomes do setor e fundador da gravadora Bad Boy Records, que foi responsável por lançar e promover carreiras de artistas como Notorious B.I.G., Mary J. Blige e Usher, o que gerou uma grande contribuição para a popularização do rap da East Coast nos anos 90 nos Estados Unidos. O produtor foi acusado de agressão sexual e violência física, tráfico sexual à força e transporte para fins de prostituição.
O esquema que resultou na prisão de Diddy começou a ser investigado no fim de 2023, quando sua ex-namorada, a cantora e modelo cubana Cassandra Ventura, conhecida como Cassie, denunciou às autoridades que, durante o relacionamento, foi abusada, dopada e agredida física e psicologicamente pelo ex-parceiro. A cantora ainda acusou o rapper de tráfico sexual e revelou que as grandes festas promovidas por ele, que atraíam nomes de peso dentro de Hollywood, eram regadas a performances sexuais movidas a drogas que duravam dias, nas quais Sean supostamente coagia as mulheres e as filmava para seu próprio prazer. Cassie também se pronunciou publicamente em uma entrevista à youtuber Tasha K, apresentando os fatos.
Contudo, Diddy negou todas as alegações e acusou a modelo de interesse. O processo foi arquivado após ambos chegarem a um acordo. Isso levantou dúvidas sobre a veracidade das informações apresentadas por Cassie; no entanto, jornalistas americanos apontam que ela teria ficado com medo de represálias por conta da influência de Diddy na indústria e na justiça americana e resolveu aceitar a compensação financeira.
Apesar do caso ser arquivado, as acusações de Cassandra encorajaram outras vítimas a denunciarem o rapper e suas festas. Sean Combs foi acusado de agressão sexual, iniciada em 1991, por várias mulheres. Um processo foi aberto anonimamente por uma mulher que alegou que Combs e outro homem a coagiram a fazer sexo. Em um segundo caso, Joi Dickerson-Neal acusou a estrela de drogá-la e agredi-la sexualmente quando ela era uma estudante universitária, em 1991. Ela também afirmou que ele filmou as agressões e as mostrou a outras pessoas sem seu consentimento. Uma terceira mulher, Liza Gardner, acusou Combs e outro homem de estuprar ela e uma amiga há mais de 30 anos, quando ela tinha 16 anos. Gardner também afirmou que Combs tornou-se violento dias após o estupro, sufocando-a com tanta força que ela desmaiou.
Posicionamento
No dia 06 de dezembro, Diddy fez um pronunciamento em suas redes sociais.
"JÁ CHEGA. Nas últimas semanas, fiquei sentado em silêncio e observei pessoas tentando assassinar meu caráter, destruir minha reputação e meu legado. Alegações repugnantes foram feitas contra mim por indivíduos que buscam um pagamento rápido. Sendo absolutamente claro: eu não fiz nenhuma das coisas horríveis que estão sendo alegadas. Vou lutar pelo meu nome, minha família e pela verdade", disse.
Após as declarações, o caso saiu do foco da mídia até fevereiro deste ano, quando o produtor musical Rodney Jones Jr, que produziu nove faixas no The Love Album, de 2023, processou Combs por assédio sexual e por forçá-lo a manter relações sexuais com garotos de programa.
No dia 17 de maio, vazaram imagens da câmera de segurança de um hotel, mostrando Diddy agredindo sua então namorada Cassie. O processo que ela tinha movido contra ele, associado às renúncias recentes, voltou a ser tema na mídia internacional. Vale ressaltar que, segundo consta nos autos, o rapper ofereceu um valor para o hotel para apagar as imagens da câmera, que sumiram três dias depois. A rede de hotel alegou que não era responsável pela gestão do hotel na época e, por isso, não sabia o que havia acontecido.
Em março deste ano, agentes federais realizaram buscas em duas propriedades de Combs em Los Angeles e Miami. Computadores e outros dispositivos foram confiscados enquanto os oficiais revistaram sua mansão na Califórnia. Em declarações à imprensa, foi informado apenas que as buscas faziam parte de um "processo de investigação em andamento."
No dia 16 de setembro, Combs foi preso em um hotel de Nova York, acusados de extorsão, tráfico sexual por meio de força, fraude ou coerção e transporte para envolvimento em prostituição, entre outras acusações que não foram divulgados.
Em uma acusação tornada pública, os promotores afirmaram que ele organizava eventos chamados "Freak Offs", nos quais forçava mulheres a se envolver com trabalhadoras do sexo e as filmava. O documento de 14 páginas também acusa Combs de transformar seu império empresarial em uma organização criminosa que ameaçava e abusava de mulheres.
Ele segue detido na MDC Brooklyn, em uma sala especial e sob vigilância para não atentar contra a própria vida.