A reportagem do GP1 foi até Rua José Benedito da Costa, N° 750, no Parque Alvorada, em Timon-MA, onde um imóvel que pertencia a um investigado por integrar uma organização criminosa passou a dar espaço a nova Casa do Idoso desde o ano de 2022.

O moderno duplex, com ampla área de lazer, faz parte dos bens imóveis oriundos do crime organizado que foram indisponibilizados aos seus proprietários, após pedido do Grupo de Atuação Especial no Combate às Organizações Criminosas (GAECO) do Maranhão, com o apoio da Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizadas de São Luís/MA.

O GP1 entrevistou a coordenadora da Casa do Idoso, Deuzenira Fernandes, que contou com entusiasmo como é realizado o trabalho no local, que abriga 10 idosos e têm atenção multiprofissional. “Nós transformamos esta casa numa beleza para ajudar os idosos que não têm família e dar o melhor para eles. Essa casa só veio para a melhoria deles. Nós temos 10 idosos, mas por mim eu receberia muito mais, porque a gente dá o carinho que eles não tinham onde viviam e toda a estrutura, tudo o que eles necessitam nós fazemos. Nós contamos com assistente social, psicólogo, neurologista, fisioterapeuta, três cuidadores, um em cada plantão, cozinheiras, serviços gerais, que dão todo o suporte, desde a limpeza da casa”, enfatizou a coordenadora, Deuzenira Fernandes.

A destinação do imóvel para o funcionamento da Casa do Idoso do Parque Alvorada faz parte de uma parceria com o Município de Timon, que é o agente responsável por realizar a gestão e manutenção do espaço, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEMDES).

Deuzerina Fernandes lembrou que a estrutura possibilita, além dos cuidados ao idosos, a realização de atividades lúdicas. Com o amplo espaço, ela conta que vai realizar festas típicas para envolver cada vez mais os idosos. “Nossa, é tanta coisa que a gente vai poder fazer aqui. Por exemplo, na casa que a gente estava para gente pudesse fazer uma festa, como nós vamos fazer agora, do período junino, a gente precisava de tanta coisa, aqui já está tudo no ponto para gente realizar a festa. Eles amam esse tipo de atividade e a gente vai levar isso a eles”, explicou.

Em entrevista ao GP1, o promotor Francisco Fernando, do GAECO-MA, destacou a importância de acompanhar a utilização desses imóveis em prol da sociedade. “Isso é a realização da finalidade do Ministério Público, do GAECO, de um trabalho conjunto com várias instituições, ressaltando a atuação ativa da 1ª DECCOR de Timon, por meio do delegado titular,Ricardo Herlon. É uma concretização das aspirações que a gente deseja, que é a justiça material, retirando do crime para voltar para a sociedade e acolher um público que, naturalmente, tem uma situação mais vulnerável, pessoas idosas com problemas estruturais, financeiros”, afirmou o promotor Francisco Fernando.

O membro do Ministério Público ressaltou que todo o trabalho de gestão por parte do Município tem o acompanhamento da 6ª promotoria especializada, que monitora as ações destacadas “Todas essas pessoas estão sendo acompanhadas através de uma gestão conjunta do Ministério Público, através da 6ª promotoria especializada, e o Município de Timon e isso é muito satisfatório para nós. É muita felicidade verificar que o trabalho do GAECO, de combate ao crime, está sendo recompensado pelo retorno ao meio social, não tem como a gente vir aqui e não se emocionar. Esses imóveis, a princípio, estariam interditados, fechados e sem qualquer uso pessoal e a nossa tese é que estes imóveis tinham que cumprir sua função social e essa reversão, em favor do meio social, é o maior prêmio que a gente pode receber”, declarou o promotor Francisco Fernando.

Objetivo é se tornar um espelho para ações em todo o Brasil

“A ideia é que várias atividades dessas naturezas, não somente aqui no âmbito do GAECO do Maranhão, que se expanda a nível nacional para que o próprio sistema de Justiça comece a perceber que o enfrentamento às organizações criminosas tem que passar pelo regaste patrimonial”, concluiu o promotor.

O imóvel onde está sediada a nova Casa do Idoso pertencia ao empresário Waldistom dos Santos Oliveira, alvo de inúmeras operações policiais e denunciado pelo Ministério Público, acusado de lavar de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e de integrar organização criminosa, que atuava em cidades do Piauí e do Maranhão.