Um relatório da Civilization Works, organização que monitora liberdades individuais no mundo, apontou que o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm sido influenciados por organizações não governamentais financiadas pelo governo norte-americano. O documento havia sido publicado em outubro de 2024, contudo voltou a circular após as recentes discussões sobre a atuação da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) no Brasil.
Ainda segundo a organização, um dos principais mecanismos da influência acontece através do financiamento da Usaid a entidades que são citadas como referência para orientações dos tribunais brasileiros. Um exemplo é a Cartilha da Desinformação, publicada em fevereiro de 2021 pelo Centro de Excelência em Democracia, Direitos Humanos e Governança da Usaid. O documento recomenda como modelo de combate às fake news a iniciativa TruthBuzz do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), que recebe financiamento da agência norte-americana.
O ICFJ usa esses recursos em programas como o Fair Game, projeto desenvolvido em parceria com o YouTube Brasil, onde nove iniciativas de mídia recebem recursos. O relatório mostra ainda que a Usaid realizou estudos sobre o tempo médio que brasileiros passam on-line e considerou o uso do WhatsApp problemático.
Outras iniciativas apoiadas pela USAID
Além do STF e do TSE, o documento mostra outras iniciativas apoiadas pelas USAID, a exemplo do Projeto Rooted in Trust, que trabalhou com mais de 40 veículos de comunicação e organizações de saúde para identificar desinformação prejudicial em vários países, incluindo o Brasil; O Consórcio Comprova, que apoiou a criação do consórcio de checagem de informações liderado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A Embaixada dos EUA no Brasil e a Usaid financiaram o congresso de 2024 da Abraji. E o Laboratório de Pesquisa Forense Digital que foi financiado pela Usaid e citado no plano estratégico do TSE para as eleições de 2022. Em um relatório, o DFRLab afirmou que a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 foi impulsionada pelo uso efetivo das redes sociais e que a eleição sofreu influência de desinformação em plataformas criptografadas, como o WhatsApp.