Em situação normal o Brasil já seria favorito contra a Venezuela no futebol, ainda mais em uma Copa América disputada no País. Mas na partida inaugural do torneio continental, a seleção encontrou um adversário desentrosado e desfalcado após 13 casos de covid-19 que deixaram jogadores em isolamento na véspera da partida. A vitória do time comandado pelo técnico Tite por 3 a 0 foi justa, mas se apertasse poderia ter feito muito mais.
O duelo, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, não teve a presença de torcedores e foi realizado mesmo após críticas de torcedores contrários à realização da competição no Brasil em um momento no qual a pandemia de coronavírus está com números altíssimo de novos casos e mortes. Até para rebater as críticas, a Conmebol divulgou ontem uma "Carta aberta à opinião pública" e nela argumentou que a organização do torneio de seleções mais antigo do mundo se sustenta em três pilares principais: responsabilidade, profissionalismo e objetivo esportivo. Também ressaltou a "bolha sanitária" que as dez delegações estão submetidas.
O controle todo detectou 17 casos positivos de covid-19 no sábado, por exemplo. Por isso a Venezuela entrou em campo bastante desfalcada - os outros casos ocorreram com a seleção da Bolívia. E além da crítica na insistência em realizar o evento, existe um outro problema na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cujo presidente está afastado do cargo acusado de assédio moral e sexual.
E foi diante de todo esse cenário que os jogadores brasileiros entraram em campo - a contragosto, pois falaram publicamente que a Copa América no País não vinha em boa hora - para fazer o básico e estrear com vitória. Tite até aproveitou o duelo para dar chance a alguns atletas que não vinham sendo titular.
Um dos que melhor aproveitou a oportunidade foi Éder Militão, que atuou como zagueiro, mas deu importantes passes para os atacantes, ajudando a quebrar a linha defensiva venezuelana.
Logo nos primeiros minutos já dava para perceber a fragilidade do rival e que o gol brasileiro não demoraria a sair. Em dez minutos o Brasil teve duas boas chances com Richarlyson e uma com Militão, que desperdiçou uma cabeçada. Mas aos 22, em cobrança de escanteio de Neymar, a bola sobrou para Marquinhos, que abriu o marcador.
Depois disso, Richarlyson teve nova chance e marcou, mas ele estava impedido na jogada. Com boa movimentação, Neymar se mostrava bem na criação e muitas vezes era parado com faltas. Aos 29, o camisa 10 fez linda jogada, se livrou de Martínez e chutou, mas a bola foi para fora, com muito perigo.
Na etapa final, o jogo continuou em ritmo lento, até que Danilo fez boa jogada individual e foi derrubado dentro da área. O juiz marcou pênalti e na cobrança perfeita de Neymar o atacante chegou a 67 gols pela seleção brasileira, se igualando a Ronaldo Fenômeno. Ambos estão atrás apenas de Pelé, que tem 95 gols segundo as contas da CBF.
Após ampliar para 2 a 0, o Brasil diminuiu ainda mais o ritmo. A Venezuela, por sua vez, não conseguiu exigir nenhuma defesa de Alisson e ainda sofreu o terceiro. Neymar recebeu em ótimas condições, partiu em velocidade e tirou o goleiro da jogada. O atacante então cruzou para Gabigol, livre, empurrar para o gol vazio e fechar o placar.
Para a seleção de Tite, o importante foi estrear com vitória e cumprir sua obrigação na abertura do campeonato. Agora, na próxima rodada, na quinta-feira, o Brasil enfrenta o Peru, no Engenhão, em busca de mais três pontos na Copa América. Será um duelo um pouco mais difícil, mas a seleção vem embalada com oito vitórias seguidas e está mostrando sua força.
FICHA TÉCNICA:
BRASIL 3 x 0 VENEZUELA
BRASIL: Alisson; Danilo, Éder Militão, Marquinhos e Renan Lodi (Alex Sandro); Casemiro, Fred (Fabinho) e Lucas Paquetá (Everton Ribeiro); Gabriel Jesus (Vinicius Jr.), Richarlison (Gabigol) e Neymar. Técnico: Tite
VENEZUELA: Graterol; Alex González (Hernández), La Mantía, Adrian Martinez, Del Pino e Cumaná; Moreno, Casseres (Castillo), Manzano (Celis) e José Martínez; Aristeguieta (Córdova). Técnico: José Peseiro.
GOLS: Marquinhos, aos 22 do 1º tempo; Neymar, aos 18, e Gabigol, aos 43 do 2º tempo.
JUIZ: Esteban Ostojich (Uruguai).
CARTÕES AMARELOS: Renan Lodi, Gabigol, Del Pino e Manzano.
LOCAL: Mané Garrincha, em Brasília.
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