O mercado financeiro reagiu de forma negativa à divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), nesta quarta-feira (26), o que provocou uma forte alta do dólar e uma queda expressiva na Bolsa de Valores. O dólar fechou o dia cotado a R$ 5,80, registrando uma alta de 0,83% frente ao real. A moeda chegou a bater a cotação máxima de R$ 5,805, antes de encerrar o pregão no valor mais alto. Já a mínima foi de R$ 5,735, o que ilustra a instabilidade durante o dia.
Esse desempenho contradiz a leve estabilidade do dia anterior, quando o dólar fechou quase estável a R$ 5,75, com uma queda de apenas 0,01%. No entanto, o impacto dos dados do CAGED, que superaram as expectativas do mercado, gerou preocupações no cenário econômico e financeiro, refletindo diretamente na valorização do dólar e nas quedas nas bolsas.
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O grande fator responsável pela turbulência no mercado foi o anúncio dos números de janeiro do CAGED, que indicaram a criação de 137,3 mil vagas formais de emprego no Brasil. Esse número foi muito superior à expectativa do mercado, que projetava a geração de cerca de 48 mil novas vagas. A boa notícia sobre a geração de empregos, no entanto, foi vista com cautela pelos investidores, que temem que uma economia ainda aquecida possa continuar pressionando a inflação.
A alta criação de empregos no Brasil gera a percepção de que a economia ainda está em expansão, o que pode levar o Banco Central a manter sua política monetária restritiva por mais tempo. A Selic, que atualmente está em 13,25% ao ano, pode precisar permanecer elevada para tentar controlar a inflação, o que desencoraja os investidores e aumenta a aversão ao risco.
Não foi apenas o dólar que sofreu com a reação do mercado. A Bolsa de Valores também registrou um desempenho negativo, com o principal índice de ações, o Ibovespa, apresentando uma forte queda. A apreensão com a possibilidade de juros altos por mais tempo e com a inflação em ascensão fez com que os investidores reduzissem suas exposições a ativos de risco, resultando em uma queda significativa nas ações.
Outro fator que aumentou a tensão no mercado foi a declaração do ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Em entrevista coletiva, Marinho criticou de forma contundente a decisão do Banco Central de aumentar a taxa de juros para controlar a inflação, classificando a medida como uma "imbecilidade". Segundo o ministro, o mercado financeiro não consegue projetar a realidade do Brasil de forma correta, questionando até mesmo a capacidade do mercado em entender as necessidades da economia.
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