O clima de cautela voltou a tomar conta dos mercados nesta quinta-feira, 6, motivado pelas incertezas quanto a recuperação da economia no pós-covid. Contudo, em sintonia com Nova York, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, achou espaço para encerrar com alta de 1,29%, aos 104.125,64 pontos, apesar dos ganhos terem sido mais contidos no final, com a falta de ímpeto das ações de Petrobrás e Vale. A busca por ativos mais seguros também influenciou o dólar, que voltou a subir e fechou com alta de 0,95%, a R$ 5,3432.
Com a porta deixada aberta ontem pelo Copom para juros abaixo de 2%, após corte de 0,25 ponto porcentual, o índice voltou a ganhar alguma força, emendando hoje a segunda sessão de retomada, embora em grau um pouco inferior ao observado no início da tarde, quando alcançou a marca de 104.523,28 pontos na máxima da sessão.
Muito vinculadas ao cenário externo, as ações de commodities, que contribuíram para dar impulso ontem ao Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, perderam o ímpeto - hoje, os contratos futuros fecharam em queda, de 0,18% para o Brent e de 0,57% para o WTI. Em resposta, Petrobrás sem muita força, com alta de 0,17% para a PN e de 0,34% para a ON. O setor de siderurgia também foi afetado e a mineradora Vale teve baixa de 0,98%.
Porém, o desempenho positivo do índice nesta quinta foi assegurado pelos bancos. Em dia de balanço do Banco do Brasil, o setor, de maior peso no índice, contribuiu para o avanço do Ibovespa. BB ON subiu 3,06%, à frente de Bradesco ON, com 1,39% e de Itaú PN, com 1,40%, assim como da unit do Santander, de 2,76%.
Com os resultados de hoje, a Bolsa acumula ganho de 1,18% nesta primeira semana de agosto, após perda acumulada de 0,11% até ontem - no ano, cede agora 9,96%.
Por mais uma sessão, o ouro voltou a fechar o dia em alta, renovando novamente sua máxima histórica, com ajuda do quadro global incerto e do baixo rendimento dos títulos públicos americanos. Hoje, o metal precioso para dezembro encerrou com ganho de 0,98%, a US$ 2.069,4 por onça-troy.
Câmbio
O dólar ganhou força hoje ante moedas emergentes e o real só não foi novamente a divisa com pior desempenho, porque a lira turca despencou para nível recorde de baixa. No mercado doméstico, o fato de o Banco Central ter deixado a porta aberta para futuro corte da taxa básica de juros ajudou a pressionar o câmbio, assim como o aumento da preocupação com a questão fiscal brasileira.
Com a Selic em nível histórico de baixa e o juro real ao redor de zero, gestores alertam para a chance de saída de capital do Brasil dos próprios brasileiros, em busca de maior retorno no exterior, o que vai contribuir para pressionar ainda mais o câmbio
Na avaliação do gestor da Kinea Investimentos, Marco Freire, há chance de novo corte de juros se o governo sinalizar que vai honrar o teto da dívida. Ele avalia que a atividade ainda estará enfraquecida no final do ano, com desemprego alto e inflação abaixo da meta. "Nesse cenário, se honrar o teto, tem hipótese razoável de novo corte", disse ele em live do BTG Pactual hoje, ressaltando que o fiscal do Brasil está "muito desafiador"
Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é negociado perto de R$ 5,55. Já o dólar para agosto fechou com alta de 0,73%, a R$ 5,3385.
Bolsas do exterior
Em Nova York, o dia foi mais positivo, com os índices apoiados pelo dado de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA - hoje, o indicador apontou para queda de 249 mil nos novos pedidos, a 1,186 milhão, ante previsão de 1,423 milhão dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Com isso, Dow Jones subiu 0,68%, S&P 500 avançou 0,64% e o Nasdaq ganhou 1%, além de novamente bater recorde de cotação para um fechamento, aos 11.108,07 pontos.
Já a Europa registrou queda generalizada, após a falta de disposição do Banco da Inglaterra em trabalhar mais ativamente para combater os efeitos da covid-19 na economia - a decisão azedou os mercados, principalmente a Bolsa de Londres, que teve queda de 1,27%. O Stoxx 600 também caiu 0,73%, enquanto Paris e Frankfurt cederam ambas 0,54%. Já Milão, Madri e Lisboa perderam 1,34%, 1,16% e 0,56% cada.
Os mercados da Ásia ficaram sem direção única, de olho nos impasses em torno da aprovação do pacote de estímulos fiscais de US$ 1 trilhão dos Estados Unidos e também com o aumento das tensões entre o país e a China. Hoje, Mike Pompeo voltou a anunciar novas restrições para empresas chinesas que estão em solo americano. Com isso, o índice chinês Shenzhen Composto caiu 0,62%, mas o Xangai Composto subiu 0,26%. O Hang Seng recuou 0,69% em Hong Kong e o japonês Nikkei caiu ,43%. Já o sul-coreano Kospi avançou 1,33% e o Taiex se valorizou 0,87% em Taiwan. Na Oceania, a bolsa australiana subiu 0,68%.
Ver todos os comentários | 0 |