Em uma dura nota de resposta à Boeing, que desistiu de comprar a área de aviação comercial Embraer, a empresa brasileira disse acreditar firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o acordo global da operação (MTA). Segundo a Embraer, a companhia norte-americana "fabricou falsas alegações" como pretexto para tentar evitar os compromissos para concluir a transação e pagar à companhia o valor da compra.
As empresas haviam anunciado o acordo de US$ 4,2 bilhões em julho de 2018 e o fim das conversas deixa a empresa brasileira em situação delicada.
A Embraer disse que a Boeing adotou um "padrão sistemático de atraso e violações repetidas" ao acordo, devido à "falta de vontade" em concluir a transação. A fabricante brasileira disse ainda que a condição financeira da Boeing, o programa 737 MAX e "outros problemas comerciais e de reputação" também seriam os motivos pela desistência do acordo entre ambas.
A Embraer, que informou acreditar estar em conformidade com suas obrigações no acordo e ter cumprido com todas as condições necessárias até a data da última sexta-feira, 24 (prazo final para conclusão), disse que buscará todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos.
Na nota, a Embraer enfatizou seu histórico como empresa bem sucedida, eficiente, diversificada e verticalmente integrada, com sucesso no atendimento a clientes com produtos e serviços, construídos em uma base sólida de recursos industriais e de engenharia.
"A empresa é uma exportadora e desenvolvedora de tecnologia, com atuação global em aviação de defesa, executiva e comercial", afirma, em nota.
A Embraer ainda fez uma mensagem aos funcionários em que destacou o orgulho com sua trajetória. "Nossa história de mais de 50 anos está alinhada com muitas vitórias, mas também com alguns momentos difíceis. Todos eles foram superados. E é exatamente isso que vamos fazer novamente. Superar esses desafios com força e determinação."
Boeing: culpa é da Embraer
Em meio a maior crise de sua história - que envolve dois acidentes com seu principal avião, o 737 MAX, e a paralisação do setor aéreo em decorrência da pandemia da covid-19 -, a Boeing anunciou que encerrou as negociações para comprar a divisão de aviação comercial da Embraer.
A Boeing responsabilizou a Embraer pela não conclusão do negócio. Em nota, a americana afirmou que “exerceu seu direito de rescindir (o contrato) após a Embraer não ter atendido as condições necessárias”, mas não especificou quais eram essas condições.
“A Boeing trabalhou diligentemente nos últimos dois anos para concluir a transação com a Embraer. Há vários meses temos mantido negociações produtivas a respeito de condições do contrato que não foram atendidas, mas em última instância, essas negociações não foram bem-sucedidas”, disse Marc Allen, presidente da Boeing para a parceria com a Embraer e operações do grupo.
"É uma decepção profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo não irá solucionar as questões pendentes", acrescentou, em nota.
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