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Economia e Negócios

Banco Central comprará títulos da Itália e Espanha

Os ministros corriam contra o relógio, para anunciar medidas antes da abertura dos mercados da Ásia.

Em uma tentativa desesperada de evitar uma quebra das bolsas hoje, o Banco Central Europeu e BCs de todo o continente tentarão dar uma demonstração de força. Eles prometem uma "intervenção decisiva" nos mercados para blindar a Europa depois do rebaixamento da nota de risco dos EUA na sexta-feira. BCs comprarão títulos da dívida da Itália e da Espanha e injetarão recursos no mercado para evitar uma paralisia de créditos entre os bancos. Investidores temem que a medida pode ter vindo tarde demais.

A medida foi tomada depois de uma frenética série de reuniões entre BCs, ministros de Finanças do G7 e do G20, que passaram o fim de semana mobilizados e pressionados a encontrar uma estratégia para acalmar os investidores. Os ministros corriam contra o relógio, para anunciar medidas antes da abertura dos mercados da Ásia.

A atenção esteve direcionada especialmente para a Itália e a Espanha, terceira e quarta maiores economias da zona euro. O risco país – taxa de juros cobrada pelos investidores para comprar títulos da dívida – dessas economias havia batido recordes na sexta-feira.

A decisão do BCE é reiniciar a partir de amanhã a compra de papéis do tesouro italiano e espanhol. 17 BCs nacionais de toda a Europa farão o mesmo, em uma ação coordenada para tentar mostrar força ao mercado.

Em seu comunicado, o BCE não diz que comprará os títulos. Mas garante que agirá de forma "ativa" e elogiou Roma e Madri por seus esforços. Para os investidores, esse é um sinal claro que o banco voltará a comprar títulos dos dois países.

Mais cedo, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, disseram que estão comprometidos com a implementação das medidas aprovadas por líderes europeus em uma reunião no dia 21 de julho. Os dois líderes também ressaltaram que as medidas devem ser aprovadas pelos parlamentos francês e alemão até o final de setembro.

Mudança de opinião

Na semana passada, o presidente do BCE, Jean Claude Trichet, provocou um terremoto nos mercados ao rejeitar a compra de títulos dessas economias. Trichet cobrava promessas de mais austeridade. Silvio Berlusconi, primeiro-ministro italiano, fez sua parte e anunciou reformas para antecipar o equilíbrio em suas contas para 2013. Madri promete o mesmo para amanhã, com mais um pacote de austeridade de € 4,9 bilhões.

A esperança é que a medida surta efeito e acalme investidores. Mas fontes no BCE e no governo espanhol disseram ao Estado que, se isso não funcionar, o desastre pode ser maior.

O raciocínio é que a dívida da Itália não pode ser resgatada pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), que dispõe de € 440 bilhões. Bruxelas faz lobby para que o fundo seja ampliado para € 2,5 trilhões para lidar com o contágio de outros países. Mas a Alemanha é contra.

Berlim era também um dos governos que rejeitava a ação do BCE, temendo a inflação e a ira dos eleitores na Alemanha. Hoje, porém, acabou também cedendo. Em comunicado, Nicolas Sarkozy, presidente da França, e a chanceler alemã, Angela Merkel, elogiaram as reformas anunciadas na Itália e na Espanha e se disseram favoráveis à intervenção no mercado.
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