O primeiro relatório de perspectivas econômicas da OCDE para 2025 traz um cenário global incerto, com destaque para os efeitos da guerra comercial iniciada por Donald Trump . A disputa internacional pode reduzir o crescimento econômico mundial para 3,1% neste ano, abaixo da previsão anterior de 3,3%, e para 3% em 2026, frente aos 3,3% projetados anteriormente. A OCDE alerta ainda para a possibilidade de mais inflação e aumento das taxas de juros, com exceções como o Brasil e o Japão, que já estão com seus Bancos Centrais em forte atuação para controlar a economia.

No caso do Brasil, a organização prevê um crescimento de 2,1% em 2025, abaixo da estimativa do Ministério da Fazenda, que é de 2,3%. A projeção para 2026 é ainda mais baixa, com 1,4%, devido ao impacto da política monetária mais apertada e a alta nas tarifas de importação de aço e alumínio para os Estados Unidos. A OCDE destaca que a fragmentação da economia global, com mais barreiras comerciais, pode prejudicar o crescimento mundial e aumentar a inflação, afetando especialmente países como o Brasil, que terá uma das maiores taxas de inflação entre os membros do G20.

A guerra comercial e as tarifas elevadas também prejudicam países como México e Canadá, com previsões de recessão para o México e um crescimento muito reduzido para o Canadá. No México, a economia deve encolher 1,3% em 2025 e 0,6% em 2026. Já o crescimento do Canadá será reduzido para 0,7% nos próximos dois anos. A situação nos Estados Unidos também é preocupante, com uma desaceleração no crescimento, passando de 2,8% em 2024 para 2,2% em 2025 e 1,6% em 2026.

A OCDE também destaca que o aumento das tarifas e a intensificação das disputas comerciais podem gerar uma inflação mais persistente, especialmente nos preços dos bens. Os mercados de trabalho em muitas economias estão apertados, o que pode alimentar demandas salariais e pressionar ainda mais a inflação. No Brasil, os salários reais estão no maior patamar desde antes da pandemia, o que coloca o país em uma situação semelhante à dos EUA, Espanha, Reino Unido e Canadá, no que se refere ao poder de compra.

OCDE recomenda ações fiscais que garantam a sustentabilidade da dívida pública e preservem o espaço para que os governos possam reagir a choques econômicos futuros. A organização sugere também reformas regulatórias que incentivem a competitividade do mercado, além de investimentos em educação e novas tecnologias, a fim de aumentar a participação da força de trabalho e melhorar a dinâmica econômica nos países afetados pela turbulência comercial.