Um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), que planejava sequestrar e assassinar o senador Sergio Moro (União-PR) e outras autoridades, usava o e-mail "lulalivre1063.icloud.com" para se comunicar com os demais integrantes. A expressão "Lula Livre" foi utilizada por petistas na época em que o atual chefe do Executivo estava encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Foi Moro, na época juiz federal, quem estava à frente das investigações da Operação Lava Jato. As informações foram divulgadas pelo Estado de São Paulo e pela Revista Oeste.
A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, relata que integrantes da facção criminosa receberam informações de terceiros para a abertura de contas, cadastro de linhas telefônicas e registro de veículos. Ao longo da investigação, os policiais também reuniram anotações e a contabilidade da ação e até imagens produzidas por drones dos locais onde a quadrilha se escondia.
É comum a troca de linha com frequência pelos integrantes da facção. Os investigadores identificaram nove números de celular possivelmente usados por Janederson Aparecido Mariano Gomes, que seria o "cabeça" do plano. O objetivo da alteração do número telefônico é despistar investigações policiais. Janeferson Aparecido Mariano Gomes (Nefo), o "cabeça do plano" que previa o assassinato de autoridades, trocou de número pelo menos nove vezes no período da investigação.
A quebra de sigilo dos integrantes da facção criminosa, após nove pessoas terem sido presas na Operação Sequaz, por suspeita de participação no plano de atentado. O ataque teria sido motivado por transferências de lideranças para presídios federais e pelo fim das visitas íntimas, iniciativas de Moro quando foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro.
Delação
A Polícia Federal conseguiu ter acesso às mensagens e às agendas telefônicas depois de uma testemunha protegida procurar o Ministério Público Federal (MPF) e revelar os planos do PCC. Essas informações levaram à instauração de um inquérito policial, que teria o objetivo de aprofundar a investigação. Trocas de e-mail, mensagens de WhatsApp e telefonemas confirmaram a intenção dos criminosos de atacar o ex-juiz. Um núcleo chamado Restrita seria o responsável pela operação.
Uma das imagens divulgadas pela PF mostra Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, pedindo que Aline de Lima Paixão salve alguns códigos no celular dela. "Para não esquecer", justificou o criminoso. "Flamengo" é o código para "sequestro", "Fluminense" é o código para "ação", "Tokyo" é o código para "Moro" e "México" é o código para "Mato Grosso do Sul".
Outra imagem obtida pela PF mostra os integrantes da quadrilha. Trata-se de um print screen enviado por Nefo a Aline Paixão.
A investigação também cruzou dados de geolocalização dos celulares e descobriu que um dos membros da facção circulou perto de endereços ligados a Moro em Curitiba no final do ano passado. O PCC alugou imóveis no Paraná, que, segundo a PF, foram usados como base para organização e execução do plano.
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