O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem se mantido neutro em relação ao conflito armado entre Rússia e Ucrânia, mas, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira, 28, garantiu que o governo federal trabalha em uma portaria interministerial para emitir vistos humanitários a ucranianos com interesse em vir ao Brasil. Durante a conversa, Bolsonaro falou em invasão russa em território ucraniano, mas ponderou dizendo ser necessário cautela para tratar da questão.
“A gente lamenta o que está ocorrendo na Ucrânia, lamenta a invasão e, assim como nós fizemos em setembro de 2021, por um visto humanitário, nós permitimos que algumas dezenas de afegãos viessem ao Brasil – são critãos, mulheres e crianças – e eu conversei agora há pouco com o ministro Carlos França, ele falou que irá tomar as providências (...) Nós vamos abrir a possibilidade de os ucranianos virem ao Brasil através de visto humanitário, que é a maneira mais fácil de vir pra cá”, afirmou. “Via esse visto humanitário estamos abertos a receber ucranianos”, completou.
De acordo com o presidente, a portaria deverá ser publicada até esta terça-feira, 29, com as diretrizes para que os ucranianos possam vir ao País. Bolsonaro explicou que os refugiados deverão procurar a embaixada do Brasil para fazer a solicitação do visto humanitário, onde serão cadastrados para serem transportados em segurança.
O espaço aéreo ucraniano está fechado por causa dos bombardeios e da sobrecarga aérea de caças. A vinda dos cidadãos ucranianos deverá ocorrer, portanto, primeiramente a partir do deslocamento para outro país, como a Romênia, mencionada por Bolsonaro na entrevista.
‘Nós faremos todo o possível para receber o povo ucraniano que por ventura queiram vir para cá, obviamente. Vamos facilitar a vida deles. Esse documento faz parte de uma portaria interministerial do Ministério da justiça e do Ministério das relações exteriores, já mandei trabalhar neste sentido, talvez a portaria seja até publicada hoje”, afirmou.
Ainda ao comentar sobre o conflito na Ucrânia, Bolsonaro disse que “tem que ser cauteloso”, uma vez que a Rússia é um dos principais exportadores de insumos agrícolas ao País. De acordo com o presidente, “se tiver sanções em cima disso (produtos para agricultura), o nosso agronegócio será seriamente afetado”.
“Tem que ser cauteloso. Não é como alguns querem que eu faça: dê um soco na mesa e diga ‘o Brasil está desse lado ou daquele lado e não se comenta mais nada’. O mundo todo é interdependente, então acredito que essas sanções econômicas dificilmente prosperem tendo em vista os próprios interesses [dos países]”, afirmou.
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