Em entrevista coletiva realizada nessa segunda-feira (20), o novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia, criticou as investigações contra o presidente Michel Temer (PMDB). Ele disse que deveria ter sido realizada uma investigação mais longa e que “uma única mala” não comprova a participação de Temer em esquema de corrupção.
Segundo Segóvia, se a investigação contra Temer estivesse sob responsabilidade da Polícia Federal e não da Procuradoria Geral da República (PGR), a corporação teria pedido mais tempo para investigar a denúncia contra o presidente. Disse ainda que uma única mala “talvez” seja insuficiente para comprovar o crime de corrupção. No caso ele fez o comentário referente à mala com R$ 500 mil em dinheiro entregue em abril deste ano pelo executivo Ricardo Saud, do frigorífico JBS, para o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-MG), que é homem de confiança de Temer. A suspeita da PGR na denúncia é de que Temer seria o destinatário final do dinheiro, que seria uma propina paga para o presidente.
- Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão ConteúdoFernando Segóvia
"A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria que ter durado mais tempo, porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime e quem seriam os partícipes e se havia ou não corrupção", disse o diretor. Segundo o G1, as declarações de Segóvia vão contra relatório da PF que apontou que há evidências do envolvimento de Temer e crime de corrupção passiva.
Questionado se o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que apresentou a denúncia contra o presidente, seria investigado, o diretor disse que isso depende de um pedido de investigação, mas deixou claro que isso poderia trazer mais transparência sobre o processo realizado.
Ele ainda destacou que quem estabeleceu o fim da investigação foi a PGR. “Talvez ela seja a melhor a explicar por que foi feito aquilo naquele momento e por que Joesley [Batista, sócio do grupo J&F, controlador da JBS] sabia quando ia acontecer para ele poder ganhar milhões no mercado de capitais”, disse, em referência às suspeitas de que os donos da JBS lucraram com a delação premiada, negociando ações e moeda antes de sua divulgação.
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