Após o significativo tombo da Petrobras no ranking das petroleiras mais lucrativas do mundo, a presidente da estatal, Magda Chambriard , fez questão de afirmar que a gestão da empresa segue sem qualquer interferência do governo Lula. Em entrevista à Folha de São Paulo , nesse sábado (8), Magda defendeu a autonomia da companhia e garantiu que as decisões tomadas ao longo de 2024 foram conduzidas de acordo com a estratégia definida pela própria diretoria da empresa.

"Desde que assumi a Petrobras, em maio de 2024, eu e a diretoria temos tido total liberdade para gerir a empresa e tomar as decisões da forma que entendemos serem mais eficazes para a saúde financeira e o desenvolvimento da companhia", declarou a presidente.

Foto: Ricardo Stuckert
Lula durante evento na Petrobras

A Petrobras, que encerrou 2024 ocupando a 7ª posição no ranking das petroleiras mais lucrativas do mundo, experimentou uma queda substancial em seu lucro. A empresa registrou um lucro de US$ 7,2 bilhões no último ano, o que representa uma queda de 69,7% em relação ao resultado alcançado em 2023. Este é o pior desempenho da companhia no ranking desde 2019.

Entre os fatores que influenciaram o desempenho negativo da estatal, Magda destacou a adesão da Petrobras ao edital de contencioso tributário, o que resultou no encerramento de diversas disputas judiciais. Além disso, a variação cambial, especialmente no que diz respeito às dívidas da empresa com suas subsidiárias no exterior, também impactou negativamente os resultados financeiros. No entanto, a presidente afirmou que, sem esses fatores, o lucro teria sido de cerca de US$ 18,7 bilhões.

Em relação à possível interferência do governo federal nas decisões da Petrobras, Magda foi enfática: "O governo não toma decisões pela companhia". Ela reconheceu, no entanto, que existem interesses comuns entre a estratégia empresarial da Petrobras e algumas políticas públicas do governo, como o incentivo à indústria naval, uma iniciativa defendida por Lula em seus primeiros mandatos. Segundo a presidente, essa parceria entre o governo e a Petrobras é uma "iniciativa ganha-ganha", beneficiando ambos os lados.

"O governo vê prosperar seu desejo de reativar a indústria naval e offshore nacional, e a Petrobras tem como benefício o acesso a um mercado fornecedor próximo às suas operações, o que nos traz benefícios de custo, logística e para acompanhamento das obras", explicou a presidente.

A presidente também reforçou que tanto o governo quanto a Petrobras têm o mesmo objetivo: uma empresa saudável e rentável. "O Estado brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, assim como nós desejamos. Aí está nosso interesse comum", afirmou.

"Abrasileiramento" dos preços dos combustíveis

Outro ponto destacado por Magda Chambriard foi a política de preços dos combustíveis, que, segundo ela, foi um dos maiores sucessos da gestão atual. A presidente afirmou que a Petrobras conseguiu "abrasileirar" os preços dos combustíveis, uma promessa de campanha do presidente Lula. O objetivo era não repassar para os consumidores a volatilidade dos preços internacionais do petróleo nem a flutuação cambial, ao mesmo tempo em que os preços permanecem competitivos.

"Nós conseguimos abrasileirar os preços dos combustíveis. Tínhamos o objetivo de não repassar para os consumidores a volatilidade dos preços internacionais do petróleo nem a flutuação do câmbio e praticar, ao mesmo tempo, preços competitivos. Acredito que alcançamos esse objetivo", concluiu Magda.