O ministro Flávio Dino , do Supremo Tribunal Federal (STF), sinalizou nesta segunda-feira (17) que a Corte não acelerará o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para evitar uma decisão próxima às eleições de 2026. A declaração foi dada durante um evento da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), quando o ministro foi questionado sobre a possibilidade de o STF apressar a análise do inquérito relacionado à suposta tentativa de golpe de Estado.

Flávio Dino, em sua resposta, enfatizou que o ritmo de julgamento não será condicionado ao calendário eleitoral, destacando que a prioridade da Corte é a análise rigorosa dos fatos e das provas, sem pressões externas. “Não há uma questão de ritmo de julgamento a partir de um calendário eleitoral. Isso não existe. O que haverá é o julgamento de fatos e provas”, afirmou.

Foto: Rosinei Coutinho/STF
Ministro Flávio Dino

A afirmação de Dino reflete a postura do STF, que, segundo ele, segue um código de conduta estrito, longe de interesses políticos ou de qualquer influência eleitoral. “O Supremo não decide ritmos de julgamento a partir de contingências políticas. Afirmo isso a vocês. Todos os 11 ministros que lá estão foram indicados da mesma forma. Foram indicados por cinco presidentes da República diferentes. Todos foram aprovados pelo Senado e todos, sobretudo, têm compromisso com a toga que vestem”, complementou.

A expectativa de que o julgamento de Bolsonaro ocorra antes de 2026 é alimentada por interlocutores do governo, que temem que uma decisão tardia possa acirrar ainda mais a polarização política no período eleitoral. Acredita-se que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscará a reeleição, enquanto Bolsonaro continua se posicionando como possível candidato à direita, mesmo estando inelegível perante a Justiça Eleitoral. No cenário político da direita, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) surge como nome forte para a disputa presidencial, embora tenha afirmado, por enquanto, que sua candidatura está voltada para a reeleição no estado.