De acordo com o Governo Lula, o Brasil teria voltado ao nível pré-pandemia de alfabetização em 2023, de crianças até o segundo ano do ensino fundamental. De acordo com o MEC e o Inep, os números chegaram em 56% de jovens atingidos, um porcento a mais que em 2019. Porém, as métricas foram baseados em um método não muito transparente, uma métrica diferente das usadas nos anos anteriores.

O governo chegou a esses números usando uma metodologia recente, criada pelo próprio MEC e Inep, em 2023. Essa nova forma metragem tem levantado suspeita dos especialistas em educação, principalmente por conta da falta de transparência. De acordo com Guilherme Lichand, professor de Educação da Universidade Stanford, na Califórnia, a porcentagem tem pouca credibilidade por conta da falta de detalhes sobre a agregação de itens comuns nas provas.

"É possível compatibilizar, em princípio, quando se tem uma avaliação amostral num certo padrão e uma outra avaliação censitária com outros vários padrões. Há técnicas estatísticas informadas por psicometria que permitiriam tentar compatibilizar a dificuldade de itens entre as provas e outros elementos. Mas isso não é trivial. E certamente eles não explicaram como foi feito. Por enquanto, há ao menos uma ‘total falta de transparência’, explicou Guilherme Lichand.

Até 2021, eram usados os dados do Saeb, trazendo mais dados questões padronizadas para todo o Brasil. Já no ano passado, o governo passou a adotar os números das provas estaduais. Para Guilherme Lichand, o grande problema é a falta de transparência em como os dados foram agregados para se tornarem possíveis. Em 2019, os números chegaram em 55%, de acordo com Saeb. Em 2021, em meio à pandemia, esse número havia caído para 36%. Já sob os dados do MEC e Inep, eles chegaram em 56%, em 2023.

O Gazeta do Povo questionou o governo, que enviou a seguinte resposta. “O Inep disponibilizou um conjunto de itens comuns calibrados para integrar os testes dos sistemas estaduais de avaliação, como parte do trabalho para a adoção do padrão nacional de alfabetização por todos os estados brasileiros, fortalecendo a cooperação interfederativa e o alinhamento entre os distintos sistemas de incentivo à alfabetização", comunicou o Governo.