A Polícia Federal anunciou nesta quarta-feira (12) a abertura de uma investigação para apurar possíveis irregularidades no leilão do Governo Lula para a compra de arroz importado. A investigação se concentrará em empresas e na participação de servidores públicos no procedimento.
O anúncio da investigação ocorre um dia após o Governo Federal anular o leilão devido a suspeitas de fraudes. O leilão, realizado na última quinta-feira (6), visava a compra de 263 mil toneladas de arroz. Empresas sem histórico de atuação no mercado de cereais participaram e arremataram lotes, levantando suspeitas.
A decisão de importar arroz foi tomada após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do grão. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, justificou a decisão como uma medida para evitar a alta de preços, dada a dificuldade de transporte do grão para o restante do país.
A falta de experiência das empresas vencedoras chamou a atenção no mercado de cereais. A Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, que intermediaram parte da venda e receberiam comissões pelo leilão, foram criadas em 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, então secretário de Política Agrícola do governo federal.
Em meio à polêmica, o ministro da Agricultura anunciou a saída de Neri Geller do cargo de secretário de Política Agrícola. Há uma avaliação de possível conflito de interesses, uma vez que uma corretora de um ex-assessor de Geller está envolvida no leilão. Geller, ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal, foi um dos nomes ligados ao agronegócio que apoiou Lula na eleição de 2022.