O diplomata Celso Amorim , assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, afirmou que não há razão para um pedido de desculpas do petista pela comparação da reação de Israel contra o Hamas ao Holocausto nazista.
Amorim sustenta que a crítica de Israel é isolada e que o país está na contramão das resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e até mesmo dos Estados Unidos, seu principal parceiro comercial. Ele reforçou que o Brasil, apesar da declaração considerada ofensiva pela comunidade judaica, nunca se afastou do povo judeu e nem do próprio Estado de Israel.
“Vai ficar pedindo [desculpas]. Se é que ele está insistindo mesmo. Não sei se ele faz isso por demagogia interna ou por qualquer outra razão, mas certamente se ele está esperando isso não vai receber. Não posso falar pelo presidente, mas eu não vejo nada, não vejo razão para o presidente se desculpar”, disparou Amorim em entrevista à Folha de São Paulo.
A crítica foi específica contra o governo de Israel pelo nível do contra-ataque aos atentados do Hamas em outubro do ano passado e à forma como o país vem agindo diplomaticamente. Amorim afirmou que a condição mais importante para o Brasil se reaproximar de Israel neste momento é “parar a matança”, e que é “muito difícil negar que é genocídio”.
Para Amorim, abrir um canal de diálogo com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu é “praticamente impossível” neste momento, e que há uma sensação de que ele “não quer que exista a Palestina, nem em Gaza e nem na Cisjordânia”. Ele ainda indicou que há uma relação entre o governo de Netanyahu e a direita brasileira, que poderia estar servindo de combustível para as críticas contra o presidente Lula e as seguidas cobranças por um pedido de desculpas pela declaração.
Por fim, o assessor de Lula justificou o tom duro de Lula contra Israel e outro não tão forte a Vladimir Putin contra a Ucrânia. Ele afirma que “não tem comparação” e que o Brasil condenou da mesma forma. A questão na Ucrânia, no entanto, se diferencia pela quantidade de baixas. “O uso da força, a quebra da integridade territorial da Ucrânia pela força, sem diálogo. Somos contra. Agora não se pode dizer que seja um genocídio como está sendo praticado [em Gaza]”, concluiu.