Desembargador Edvaldo Pereira de Moura,
Diretor da Escola Superior da Magistratura do Piauí (Esmepi) e professor da UESPI
O dia 05 de novembro é, indiscutivelmente, uma das datas emblemáticas e das mais significativas da nacionalidade brasileira. Nesse dia festejamos, como é de sabença geral, o Dia Nacional da Cultura, instituído pela Lei Federal n° 5,579, de 15 de maio de 1970, em homenagem ao aniversário de nascimento do político, do jurista, do intelectual e do diplomata Ruy Caetano Barbosa de Oliveira, indefectível padrão da inteligência e da cultura erudita do Brasil, defensor intransigente das liberdades civis e que em 1907, em Haia, na Holanda, assombrou o mundo com a sua internacionalmente conhecida conferência, que o levou para a história como o ‘Águia de Haia’. Sabe-se, ainda, que como um dos seus mais respeitados imortais, o nosso Ruy Barbosa presidiu à Academia Brasileira de Letras, sucedendo ao seu instituidor, Joaquim Maria Machado de Assis, o ‘Bruxo do Cosme Velho’ e, antes do seu falecimento, ocorrido em 1º de março de 1923, ocupou o honroso e cobiçado cargo de juiz da Corte Internacional de Paz.
No dia 05 de novembro, celebramos, também, o Dia Nacional da Língua Portuguesa, falada em seis países do mundo, e o Dia Nacional do Cinema Brasileiro, em homenagem à primeira exibição cinematográfica pública do país, acontecida na segunda Capital da República, em janeiro de 1896. Daí a importância desse momento histórico, para a cultura deste país continente.
Tão notável data retrata, pois, a liturgia daquilo que a humanidade possui de mais autêntico: a reverência ao patrimônio gerado pela inteligência e pela operosidade do espírito - a cultura. É o homem como o centro de atuação e de atenção. É o domínio da estética e do conhecimento em geral. É o império da competência criativa. É 0 respeito aos bens do espírito e às sutilezas da alma. É a veneração à humanidade, no seu conceito mais positivo e realista possível. A cultura, como sabemos, é o único patrimônio totalmente exclusivo da
ontologia humana.
Desde os traços figurativos sulcados nas superfícies rochosas pelos trogloditas, até os efeitos virtuais da computação gráfica dos nossos dias, o homem tem usado a faculdade de comunicar-se com os seus semelhantes, como a mais autêntica busca de afirmação de sua própria existência no planeta em que apareceu. Só podemos nos avaliar como espécie superior, pelo que herdamos dos nossos antepassados. Só podemos nos projetar rumo à perfeição e à redenção da nossa própria natureza, somando ao presente, a nossa herança pretérita. Esse processo de preservar, recorrer e melhorar o patrimônio criativo dos que já se foram é o verdadeiro fazer cultural.
Aqui, no humilde, mas valoroso Piauí, graças à sensibilidade humana, política e cultural de alguns de seus comprometidos órgãos e instituições, como a Academia Piauiense de Letras, a Secretaria de Estado da Cultura, a Seccional Piauiense da União Brasileira de Escritores, dentre outros, o fazer cultural não nos envergonha, pelo nível das manifestações criativas e espirituais dos seus artistas e intelectuais, no âmbito da pintura, da estética e da literatura.
Como sabemos, a arte é o domínio do belo. Para nós, seres criados, é a oportunidade de imitar o Criador, recorrendo às explicitações da Suprema Beleza, que brota do artista e dos escritores, como paradigma do fiat humano. O homem, em essência, procura imitar o Criador Divino, como artista e intelectual. O artista e o escritor geram a cultura. A cultura é a marca espiritual e material de determinado povo, e é através da manifestação cultural que se valoriza o povo e se preserva o seu orgulho à posteridade. Por cultura, assim, entendemos a exteriorização do espírito criativo de determinado povo, em todo o quadrante do conhecimento, desde o artesanato de raiz, até a mais sofisticada conquista estética, na pintura e na intelectualidade.
Por isso, no ensejo dessa memorabilíssima data, que hoje transcorre, para o orgulho de todos nós, sentimo-nos no dever de homenagear todos os que contribuíram para bons resultados na prática cultural, como, por exemplo, Manoel de Sousa Nunes, Fides Angélica Veloso Mendes Ommati, Celso Barros Coelho, Nelson Nery Costa, Assis Brasil, João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, Francisco Miguel de Moura, Zózimo Tavares, Lucídio Freitas e os demais integrantes da aguerrida e criativa Academia Piauiense de Letras.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
Ver todos os comentários | 0 |