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*Arthur Teixeira Júnior

Imagem: GP1Arthur Teixeira(Imagem:GP1)Arthur Teixeira

Um dos mais importantes fatos da recente história da democracia brasileira talvez tenha passado em brancas nuvens pela maioria da população brasileira: o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que, muito longe de somente ter liberado as “biografias não autorizadas”, reafirmou de forma unânime a profunda convicção que nossa suprema corte tem da liberdade de expressão.

Os votos dos ministros Celso de Mello, de Luis Roberto Barroso e da ministra Carmen Lúcia, não somente são peças perfeitas de profundo saber jurídico, mas também um claro posicionamento da Suprema Corte reafirmando a liberdade de expressão como fundamento da democracia. Deveriam ser emolduradas e decorar os gabinetes de todos os administradores públicos.

“O peso da censura, ninguém suporta” (Celso de Mello); “A liberdade de expressão não é garantia da verdade ou de justiça. Ela é uma garantia da democracia” (Luís Barroso); “Cala boca já morreu.” (Carmen Lúcia); somente para citar algumas passagens.

Já que a ministra Carmen Lúcia ousou citar uma frase de cantigas infantis, que tal então, ainda das estórias de nossa infância, perguntar “quem tem medo do Lobo Mau?” ou “quem tem medo da liberdade de imprensa?”. Se pudéssemos filtrar este lamaçal onde sobrevivem aqueles contrários as liberdades democráticas, certamente sobre a peneira ficariam os administradores públicos corruptos, os políticos desonestos e os que almejam uma função comissionada mesmo sem a menor competência.

Vejo aqui na internet mais uma notícia interessante. Após meses de forçada hibernação, a sonda Philae conseguiu comunicar-se com sua base aqui na Terra, diretamente lá do cometa onde está pousada. E este cometa está em movimento e distante cerca de 450 milhões de quilômetros daqui. Ironia. Uma sonda do tamanho de um frigobar, com mais de 10 anos de fabricação, manda uma mensagem do espaço distante, pousada em um corpo celeste inóspito e viajando em altíssima velocidade. E eu aqui na Miguel Rosa não consigo sinal da Tim em meu celular de última geração...

Ainda falando em comunicações: alguém sabe aí qual a origem da expressão “caiu a ficha” utilizada quando, depois de algum tempo, alguém entende a real situação que está presenciando?

Antigamente existiam aparelhos telefônicos públicos instalados em vias públicas ou locais de grande fluxo de pessoas. Eram conhecidos como “orelhões”, devido ao formato de sua cúpula protetora. Os últimos que a concessionária manteve em operação funcionavam com cartões eletrônicos semelhantes a cartões de crédito. Mas em tempos remotos, estes aparelhos funcionavam com fichas metálicas ranhuradas, compradas em padarias e bancas de jornais. Com cada ficha você conseguiria falar (em tese) por três minutos. Inseria-se de uma a cinco fichas no orifício acima do aparelho e fazíamos a ligação (girando o disco perfurado, em sentido horário). A ligação poderia ser até completada, mas você só conseguia falar com seu interlocutor se a “ficha caísse”, ou seja, fosse coletada pelo aparelho que nem sempre funcionava corretamente. Por vezes a ligação completava, mas ninguém conseguia falar com ninguém. Dizia-se então, desconsolado, que “a ficha não caiu...” (você fez todo o procedimento corretamente, pegou uma baita fila, mas o serviço público não funcionou).
Daí a conclusão que desde remotos tempos é mais fácil contatar-se com um cometa.

Só para finalizar: fiquei dois anos e meio recebendo dinheiro público (salários, férias e décimo terceiro) sem trabalhar. Não por que não quisesse, mas por puro assédio moral (já condenado em primeira instância em sentença memorável). E nenhum colega indignou-se. Ninguém foi lá perguntar o porquê não me era dada nenhuma tarefa. Ninguém mostrou-se preocupado com as conseqüências. Mas basta eu tentar produzir um milímetro a mais que a indignação e preocupação é geral. E depois reclamam da opinião pública sobre o funcionalismo.

*Arthur Teixeira Júnior é colaborador

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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