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Colunista João Carvalho
GP1

Carnaval do Piauí ainda sem identidade, Pernambuco dá exemplo


Acompenhei com silêncio sepulcral a polêmica mudança do Carnaval de Teresina. Carnaval de Teresina, entre aspas, por quê na verdade o que existe aqui de fato é o Carnaval da Prefeitura de Teresina, tanto que a administração municipal mudou tudo sem qualquer discussão com as escolas de samba e todo mundo se curvou ao poder público, à exceção de um ou outro bloco que contestou a decisão por mera conveniência política não por amor ao Carnaval. Nós terensinenses e piauienses temos que reconhecer que o Carnaval no Piauí não é uma festa popular, fruto da organização do povo, mas uma festa estatal. Vocês já imaginaram o Carnaval de Teresina, Barras, Água Branca, Floriano, Parnaíba, Luís Correia, Miguel Alves, Bom Jesus e por aí vai, sem os recursos públicos? Ele simplesmente seria reduzido a pó. A verdade é que com raras exceções a maioria dos que fazem o Carnaval nas hostes mafrenses o faz com intuito comercial, de faturar, não de manter uma "tradição", ou "cultura" popular. O Piauí continua sem identidade cultural. Quem comanda os carnavais no interior no Piauí? As bandas baianas, que de ano em ano vem aqui levam uma montanha de dinheiro para seu estado e deixam aqui um folião aparentemente feliz, mas que é um retrato desta falta de identidade. Este ano duas aberrações baianas ( e não trata de qualquer preconceito contra a Bahia por quê não se pode negar o talento de gente como Daniela Mercury, Dodô e Osmar, Ivete Sangalo e etc...) um tal de Reboletion e outra música que não sei nem o nome e não tenho interesse nenhum em saber, mas que os grupos tradicionais baianos apontam como uma apologia à pedofilia foram os "hits" do nosso Carnaval. Qual a expressão, o valor cultuural destas destas "músicas"? Nenhum. Isso não agrega nada a nossa cultura, não fortalece a nossa identidade, não nos faz ganhar nada, em campo algum. Nos quesitos tradição, apelo popular, agregação cultural, famíliar, me desculpem os baianos e cariocas, mas os pernambucanos deram um show neste Carnaval. Ver centenas de nações, maracatus, troças, blocos, grupo de côco, tribos indígenas, afoxés, orquestras de frevo, bandas de frevo, bois, clubes de bonecos, corais, ursos, caboclinhos e sem citar atrações como Elba Ramalho, NX Zero, Zé Ramalho, Dudu Nobre, Zeca Pagodinho, vários DJs renome nacional e internacional transformou Pernambuco, em especial o Recife, na capital do "Carnaval Multicultural", este foi o nome, mais que apropriado, que foi dado à programação carnavalesca dos recifenses. Quero deixar claro que não é uma questão de xenofobia, mas de fazer como fizeram em Pernambuco, onde até bandas de rock tocaram, mas assegurando-se a valorização da verdadeira cultura popular, aquela que nasce no seio da nossa comunidade. O nossos bois, o nosso reizado, o nosso forró pé-de-serra, os grupos de côco, as nossas manifestações genuínas. É complicado?É!!Mas é mehor que a comodidade da falta de identidade que nos assola.

PS: Registro aqui iniciativas como o bloco Sanatório Geral, que sem qualquer apoio do poder público, se firma a cada ano como uma alternativa saudável para o verdadeiro Carnaval, onde não se precisa de corda de segurança e onde toda a família pode participar. Vivas para Arimatan Martins e Jorginho Medeiros!!! Destaco aindo o Capote da Madrugada.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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