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Mulheres na UFPI: conheça propostas da candidata à reitoria Nadir Nogueira

Ela e o professor Edmilson Moura compõem a chapa 02: Democracia, Reconstrução e Sustentabilidade.

A Universidade Federal do Piauí (UFPI) passa por um momento histórico, pela primeira vez, indubitavelmente, a reitoria da instituição será comandada por uma mulher. Para contextualizar, as três chapas que concorrem o pleito são encabeçadas por mulheres: Lívia Nery, Nadir Nogueira e Flávia Lorenne.

O GP1 foi ao campus e conversou com a Professora Nadir Nogueira, que junto ao professor Edmilson Moura, compõem a chapa 02: Democracia, Reconstrução e Sustentabilidade. Durante uma conversa, a professora elencou algumas das principais propostas apresentadas durante a campanha, e pretende concretizar, caso seja eleita como reitora.

Foto: Marcelo Cardoso/GP1Nadir Nogueira
Nadir Nogueira

Graduada em Nutrição pela UFPI, Nadir Nogueira é mestre em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Ciências dos Alimentos também pela mesma universidade. Atualmente, é professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Piauí, onde também atua na docência em Programas de pós-graduação, mestrado, doutorado e orienta projetos de iniciação científica. Ela também atuou como vice-reitora da UFPI entre os anos de 2013 e 2020.

GP1: Como surgiu a vontade de colocar o nome à disposição para a candidatura? A chapa estampa as palavras reconstrução, democracia e sustentabilidade, quais as propostas em relação a esses aspectos?

Nadir Nogueira: A chapa 02 foi construída a partir de um diálogo ampliado com diversos setores. Iniciamos essa discussão em janeiro de 2023, pois percebemos que a comunidade universitária está se sentindo desmotivada. Todo o sistema entrou em colapso; a Universidade hoje enfrenta um apagão devido à falta de energia, segurança, assédio e assistência estudantil. No último quesito, precisamos de uma política mais assertiva, e nossa chapa traz o pilar da democracia, entendendo que é necessário garantir que a reitora eleita seja de fato nomeada. Esse aspecto é fundamental na sociedade, o respeito às diferenças, inclusive, principalmente, reconhecendo que a universidade é plural e diversa. Precisamos tratar esse assunto com respeito e dignidade. A vontade democrática precisa ser respeitada, não apenas na escolha da próxima reitora em 15 de maio, mas também nos colegiados. Atualmente, as estruturas das universidades e institutos federais estão sucateadas, comprometendo significativamente a busca pela excelência no Ensino, na Pesquisa, na Pós-Graduação, na Inovação, na Inclusão e na Assistência Estudantil.

Foto: Marcelo Cardoso/GP1Professora Nadir Nogueira
Professora Nadir Nogueira

Nadir Nogueira: O clima vem mudando, e a gente precisa cuidar da energia solar que nós temos aqui, por exemplo, podemos trazer uma usina fotovoltaica e passar a utilizar uma energia limpa. Isso vai ao encontro das OBS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecido pela ONU até 2030. Então a gente tem que pensar na biodiversidade, agricultura familiar, principalmente porque temos no Sul do estado esse celeiro de produção de grãos, mas que não gera desenvolvimento. A sustentabilidade traz a inclusão, é você ter uma inclusão atitudinal, é respeitar que onde estiver uma faixa reservada para pessoas com TEA, cadeirantes, idosos, tem que ser respeitada. Essa educação tem que passar também pela universidade. Além disso, você colocar sinalizações em libras, o aluno poder usar o nome social, com essas atitudes você também está incluindo.

GP1:Sobre a assistência estudantil, quais melhorias devem ser feitas para garantir a permanência e motivação dos alunos da UFPI?

Nadir Nogueira: Para mim a assistência estudantil é número um, para que a gente consiga diminuir a retenção e a evasão de alunos. O diálogo também é outra questão que nós priorizamos, essa é uma gestão que ouve, e que respeita as decisões colegiadas, isso é fundamental para a democracia. Precisamos construir outra unidade do Restaurante Universitário, hoje existem três, e há a necessidade de implementação da quarta unidade. Por conta da fila, os alunos ficam até 14h no almoço, e à noite até 19h na fila. Quando eu falo de assistência estudantil, não é só o RU, é a Residência Universitária que está um caos, o auxílio-moradia, auxílio-creche, são políticas que a gente pode implementar para melhorar a permanência dos alunos na universidade. O nosso estudante está ficando na instituição de forma precária. Um segmento importante está em vulnerabilidade social, então não basta só democratizar o acesso para o ensino superior, é preciso que você garanta políticas para a permanência. Da experiência anterior, eu volto a dizer que nós temos que investir nos estudantes, fornecendo mais bolsas, incluir a cultura, o esporte, o lazer, ambientes de convivência, melhorar a infraestrutura da residência, construir a residência em Bom Jesus.

GP1: Acerca das dificuldades enfrentas pelas universidades federais, a falta de orçamento e a necessidade de realização de novos concursos. Caso eleita, a senhora assumirá uma posição de cobrança junto ao Governo Federal para garantir que a UFPI amplie o quadro de servidores e assim melhore os serviços prestados na instituição?

Nadir Nogueira: Nós temos uma pauta importante dos servidores. Os técnicos estão em greve. O quantitativo de técnicos está cada vez mais reduzido, e o que tomamos conhecimento nessa campanha é que a universidade tem vários códigos de vagas de servidores, e estava esperando um momento para que tivesse o maior número e fazer um grande edital. Mas isso não tem o menor sentido quando você vê setores fechando. A STI perdeu nesses últimos tempos 13 funcionários, e nada foi feito para repor esse pessoal, e hoje a estrutura desse serviço está completamente sucateada. Não tem backup fora da universidade, se houver um incêndio, ou qualquer coisa desse tipo, corremos o risco de perder todos os dados do sistema da universidade.

Foto: Marcelo Cardoso/GP1Professora Nadir Nogueira
Professora Nadir Nogueira

GP1: Nos últimos tempos, a universidade tem registrado alguns episódios de assédio, arrastões, furtos, etc. Qual solução a senhora acha pertinente sobre esse assunto?

Nadir Nogueira: A segurança é um ponto extremamente importante para a permanência de alunos, servidores e técnicos. Aqui é importante ressaltar que a UFPI é aberta, o que a torna vulnerável. Considerando que a segurança é um problema do município, nós pretendemos adotar medidas para minimizar isso, através da identificação dos pontos mais vulneráveis, intensificar e ampliar o número de câmeras no campus, porque a presença delas intimida, já que ajuda a identificar as pessoas. Ampliar o sistema de rondas na universidade, que também é algo que vem funcionando. Uma outra proposta é criar um canal de comunicação com a segurança quando você se sentir ameaçado, tipo um botão do pânico. Também vamos tentar pactuar com o Estado e o Município essa parceria.

GP1: Sobre a multicampia. A senhora já havia mencionado essa sensação de esquecimento dos campi fora de sede, em Bom Jesus, Picos e Floriano. Como a senhora pretende aproximar a gestão nesses campi?

Nadir Nogueira: As tecnologias são uma ferramenta que podem aproximar o gestor com os campi foras de sede. Não fazermos uma gestão para atender pequenos grupos, e sim para a UFPI como um todo, incluindo a multicampia, Bom Jesus, Picos e Floriano, é preciso trazer essa aproximação. Os campi fora de sede a sensação é realmente de esquecimento. Uma experiência que foi exitosa na gestão que fui vice-reitora é a Reitoria Itinerante, quando os diretores nos chamavam para levar o serviço necessário naquele campus. Isso vem somar com a tecnologia, em que podemos fazer uma reunião, realizar discussões, e construir um diálogo, mas já que ela não substitui uma visita, conversa presencial com estudantes e servidores. Valorização de cada campus porque cada um tem uma particularidade e vocação. O que a gente pede é que no dia 15 de maio, a UFPI vive esse momento histórico, nós teremos uma mulher na reitoria, sem dúvida, mas o que a gente pede à comunidade é que olhe o perfil dessa mulher, no ponto de vista da vivência no ensino, mas também a gestão. A universidade é um universo, então é uma gestão que é complexa.

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